Perspetiva do mercado imobiliário e construção para 2022

Os segmentos residencial, escritórios e logística serão, na minha opinião, os de maior crescimento. No residencial, importa destacar o build-to-rent, uma nova tendência que em Portugal está a dar os primeiros passos. Construir para arrendar poderá ser a resposta à necessidade de aumentar a oferta residencial, que deve ser devidamente planeada desde a raiz e adequada às necessidades e à capacidade económica dos portugueses, abrindo novas oportunidades na área da promoção imobiliária e do investimento.Tendo em conta o cenário atual, que regista um aumento constante da atividade de mercado imobiliário nos vários setores e do próprio investimento que lhe está a ser direcionado, podemos arriscar dizer que a perspetiva para 2022 é positiva. Contudo, pairam algumas incertezas como a subida das taxas de juro, o aumento dos preços da construção, a demora e complexidade nos processos de licenciamento, default dos gigantes imobiliários chineses, novas restrições à circulação de pessoas e bens ou novo lockdown, entre outros, que poderão ser fatores per si capazes de inverter a tendência. Relativamente ao setor da construção o paradoxo para 2022 poderá ser o excesso de obras no mercado. Noutra conjuntura este seria um panorama otimista, todavia neste momento colocam-se algumas questões: Teremos capacidade de concretização? Existirão empresas bem cotadas e suficientes para executar todas estas obras? A que preço vamos construir? O mercado irá conseguir absorver a subida do preço? Em 2021 assistimos a uma escalada de preços nas matérias-primas e combustíveis que, somando a esta equação a falta de mão de obra no setor, teve como resultado uma acentuada subida no custo de produção. Se esta tendência de subida de preços se mantiver ao longo deste ano, o preço da construção continuará a ajustar em alta, o que naturalmente irá continuar a refletir-se no preço do produto final, nomeadamente, no preço da habitação nova. A situação poderá agravar-se, ainda, com a concretização das obras públicas previstas no PRR, quer irão pressionar a procura por produtos e matéria-prima e acentuar a falta de mão de obra no setor. De facto, vivemos num momento em que a procura é superior à oferta, os tempos de entrega são superiores ao normal e o mercado não está ajustado, sobretudo devido à pandemia, o que justifica esta pressão inflacionista. Podemos afirmar que o mercado imobiliário em Portugal para o ano 2022, apesar das dificuldades acima listadas, está bem, e recomenda-se! No entanto, teremos de perceber o real impacto destes desafios e ter a capacidade de responder aos mesmos, sobretudo no setor da construção.

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