Proptech: acompanhar o crescimento do setor imobiliário e desenhar o futuro

As casas começaram a ser vistas, concomitantemente com o lugar onde se vive/dorme, como uma extensão do espaço de trabalho, não deixando ainda de ser um lugar de lazer.A tecnologia veio preencher lacunas que existiam e possibilitar um salto de gigante no setor imobiliário, que há muitos anos estava conformado a trabalhar separadamente estas duas esferas - profissional e privada - e a desenhar espaços para cada finalidade. O impacto foi de tal que se tornou possível que tudo passasse a ser feito à distância de um clique, incluindo transformar as nossas salas de estar em escritórios e vice-versa, onde viríamos a trabalhar, primeiro provisoriamente e, como temos visto, depois de modo mais ou menos permanente. Também a forma como escolhemos as nossas casas parece estar a mudar. Se me perguntarem se esta tendência se manterá ou se é conjuntural, direi que nada sugere que haja um grande retorno.A possibilidade de arrendar uma casa online a partir de qualquer parte do mundo tornou-se quase regra. Para os arrendatários, é uma forma de ter mais opções, agendar mais visitas e conseguir gerir todo o processo (incluindo burocracias e contratos) remotamente. Já os proprietários têm agora uma forma mais eficiente de mostrar casas, não precisando de alocar tempo a visitas presenciais; por outro lado, sabem que os seus imóveis vão chegar a mais pessoas dispostas a fazer uma oferta.Dito isto, acredito que a tecnologia veio verdadeiramente simplificar a forma como se compra, vende ou arrenda uma casa, para o longo ou médio prazo.Em termos de otimização do processo de arrendamento, as Proptech, Property Technology, empresas que combinam e adicionam tecnologia ao seu modelo de negócio imobiliário, surgem com a missão de combater a falta de transparência do setor e conseguir combinar toda a oferta, ou a maior parte dela, num sistema agregador, em vez de em diversas agências e sites. São plataformas 100% online de arrendamento que mudaram radicalmente a forma como se arrendam casas, o que permitiu que muitas mais pessoas tivessem acesso a estes processos, quase que reforçando uma sentida onda de democratização do setor.A partir daqui vimos nascer uma panóplia de mudanças e transições que trouxeram também novas audiências e perfis de cliente. A verdade é que as proptech conseguiram promover, acompanhar e fazer parte desta (re)evolução, o que significa grandes vantagens para proprietários e potenciais arrendatários. Tanto portugueses como nómadas digitais, pessoas que trabalham remotamente e passam temporadas em países diferentes, procuram arrendar e comprar casas e fazem-no já nestas plataformas, o que nos leva a pensar que esta tendência só vai continuar a aumentar. O Livro Verde sobre o Futuro do Trabalho refere mesmo que os sites de arrendamento digitais são a primeira escolha dos nómadas digitais que estão à procura de uma casa.Sendo que Portugal é um dos destinos mais procurados e também um dos países que está a apostar mais na inovação e transformação digital, pelo que será uma das primeiras escolhas de estrangeiros que queiram equacionem vir para cá viver fora do seu país, o que significa que estas plataformas, normalmente feitas para todo o tipo de consumidor em várias línguas, serão também as escolhidas no futuro.Esta aceleração do setor tem um só significado: há muito mais potencial do que inicialmente pensávamos e não há limites para a evolução que ainda está para vir. A mudança deste tão conservador setor foi possível nestes últimos anos, mas os tempos que vivemos atualmente e o futuro mostrar-nos-á que a digitalização do mercado imobiliário veio para ficar.

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