Espaços de trabalho – Uma visão

A título de exemplo, o custo de 100 postos de trabalho em Hong Kong é igual ao custo de 500 postos em Madrid e de 900 postos em Bombaim. Este aumento dos custos e densificação que reduz a área atribuída a cada posto de trabalho, criou a necessidade de uma reinvenção da forma de conceber e ocupar os nossos locais de trabalho. Acresce uma maior globalização das estruturas empresariais (existem o dobro das multinacionais que existiam em 1990) e um avanço formidável da tecnologia, que contribuem de forma indelével para toda esta revolução. Relevante é o facto de hoje cerca de 40% da população ter acesso à Internet e a faturação das empresas do setor tecnológico ter saltado do 600 milhões para os 6 triliões de USD nos últimos 15 anos. Novos conceitos aumentam as zonas partilhadas de um escritório, que numa solução convencional representam cerca de 20% da área total, para uns surpreendentes 50 a 60% da mesma área. Tudo isto com um aumento da produtividade dos colaboradores. Todos estes factos e tendências com um impacto sério imediato levaram à criação de grupos de trabalho que misturam especialistas de imobiliário com cientistas tendo como objetivo as melhores soluções que conjuguem uma redução de custos com o desenho de espaços que permitam a absorção destas novas tendências para um aumento da produtividade de cada colaborador e dos resultados das empresas. Ao nível mais científico pretende-se determinar a relação entre o ambiente do local de trabalho e o desempenho de cada indivíduo. A perceção da conjugação de factores urbanísticos, sociológicos, tecnológicos e até políticos, levará a que se concretizem produtos imobiliários cada vez mais à imagem dos utilizadores e do estilo de vida que pretendem, em vez da atual situação dominante em que as estruturas empresariais se têm que adaptar à oferta existente. O critério será menos centrado na acessibilidade física e custo direto do imobiliário e muito mais na oferta de serviços, conforto e conetividade. Já se verifica esta tendência quando um número crescente de empresas, não tendo ainda este tipo de produto disponível, procura serviços, ambientes ou vivências que por enquanto em Portugal só se encontram no centro das grandes cidades ou em pontualíssimos parques de escritórios. Esta é parte da explicação para uma ténue tendência de retorno aos centros urbanos que se tem assistido. Este será o momento para o surgimento de produtos imobiliários diferenciadores que consigam vender um conceito de serviço aliado a uma forma de estar e viver com a maior harmonia possível entre a esfera pessoal e profissional, que se tem vindo a esbater de forma acentuada e generalizada. Não deixa de ser interessante observar que tendo em vista objetivos predominantemente economicistas e centrados na realização de capital que têm dominado a economia ocidental, as grandes empresas sintam agora a necessidade de centrar a sua atenção e recursos no indivíduo, seja enquanto consumidor seja enquanto peça central da sua capacidade produtiva. Se tudo isto se confirmar estaremos a assistir a um período, que se prevê algo longo, de revolução do setor imobiliário com impacto positivo futuro no ambiente, urbanismo e melhoria generalizada da qualidade de vida das pessoas

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