Trabalhando no curto prazo

No curto prazo (< 6 meses) é expectável um fortíssimo abrandamento do investimento. No caso do turismo, as transações estão maioritariamente suspensas ou a decorrer com prazos mais dilatados, sendo que poderão existir algumas – poucas – oportunidades de transação de ativos de proprietários menos preparados para uma fase como a que atravessamos. Serão provavelmente ativos fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, já de si com uma liquidez histórica no mercado relativamente reduzida. No médio prazo (> 6 meses) colocam-se dois cenários: (1) se esta fase se estender até finais de maio e junho for de inicio de alguma luz ao fundo do tunel, diria que a partir do terceiro trimestre poderemos ver alguns ativos no mercado por parte de proprietários que pretendem reformular a sua estratégia ou a carteira de investimentos, abandonando o interesse por deter ativos no setor. (2) Se esta fase se estender para lá de maio e não existir uma luz ao fundo do tunel julgamos que irão existir muito mais ativos no mercado. A que valores? É a questão. Descontados face ao período pré-Covid-19 na ordem dos 10% a 20% numa lógica de abandono controlado dos ativos ou descontados a valores mais próximos de 40% ou 50% em situações de necessidade absoluta e urgente de realização de capital. Trabalhamos ainda no cenário 1. Será também altura de perceber o posicionamento das instituições financiadoras: partilham o momento com os financiados no sentido de flexibilizar as suas obrigações, integram ativos no seu perímetro ou (re)iniciam um processo de colocação de ativos em fundos de recuperação à semelhança do ocorrido na crise de 2011? Uma outra realidade será uma saída muito significativa de apartamentos/prédios inteiros do regime de Alojamento Local, voltando ao arrendamento residencial tradicional (ou mesmo à venda) com impacto na oferta e, consequentemente, nos preços. Esta realidade será mais significativa em Lisboa e Porto. Achamos, no entanto, poder dizer com alguma segurança, que os valores de 2018 e 2019 serão muito dificeis de atingir – para não dizer impossiveis – até pelo menos o final de 2021.

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