A tecnologia, chave para o futuro do setor residencial português

Debruçando-nos sobre números, estudos recentes dizem que as perdas no setor da construção chegaram aos 1365€/mês por trabalhador, em junho; fala-se também de quedas na ordem dos 10-20% no preço das casas para comprar ou alugar; na descida nas transações em cerca de 17% e no adiamento nas decisões de compra entre 3 meses a 1 ano. Ainda assim, a situação é muito distinta da que vivemos em 2008, já que a crise atual é percebida como mais limitada no tempo e existem dados que dão margem para que sejamos otimistas. Por exemplo, o setor da eficiência energética na construção pode criar centenas de empregos novos anualmente: o parque habitacional português é relativamente antigo – a média de idades dos edifícios está perto dos 40 anos – e grande parte deles são ineficientes, o que abre muitas oportunidades de remodelação e reabilitação. Um horizonte promissor Apesar da situação complicada, os atores do setor residencial – instaladores e fabricantes incluídos – observam o futuro com esperança. Os projetos paralisados durante o estado de emergência estão a reativar-se e as perspectivas são animadoras a médio e longo prazo. Em primeiro lugar, pelas ajudas que podem chegar da Europa e que contribuirão para a reabilitação de edifícios – tal pode beneficiar muito o setor, criando emprego e impulsionando a sua transformação. Apesar da estagnação geral, já se veem indícios da construção de novas casas e, por outro lado, grande parte das reformas pressupõe algum tipo de instalação elétrica; ambos os casos representam oportunidades para os instaladores. Não podemos esquecer, também, que já caminhávamos para um mundo mais verde e que essa necessidade se viu reforçada agora, e também se aplica ao setor habitacional. Talvez alguns empresários ainda estejam reticentes a esta mudança, mas são cada vez mais os que ganham consciência da sua posição de aceleradores das exigências europeias no que toca ao meio ambiente, e assim têm vindo a fazer da sustentabilidade e da eficiência as suas propostas de valor. A tecnologia como pilar fundamental Um dos principais pilares do futuro do setor residencial é a tecnologia. Os consumidores querem que as suas casas sejam seguras, confortáveis e eficientes; e não apenas os mais jovens, já que a tecnologia também permite dar resposta a muitas das necessidades das pessoas de idade avançada ou com mobilidade reduzida. Para além disso, o modelo “Build-to-Rent” está a ganhar importância e os proprietários necessitam que os edifícios disponham de tecnologia, não apenas para garantir o conforto dos seus utilizadores, mas também para permitir o acesso a informação que permita melhorar a gestão do património. Assim, devemos estar conscientes de que temos pela frente um dilema energético: o mundo será cada vez mais elétrico e devemos assumir como nossa responsabilidade a consecução de um equilíbrio zero de emissões de CO2. A tecnologia será um facilitador crucial para que tal aconteça, tanto do ponto de vista da transição, como da eficiência, energéticas. Tudo isto abre novos caminhos para os instaladores, tanto no âmbito das obras de nova construção, como de segunda mão. Para além disso, exige-se um maior nível de especialização por parte dos instaladores profissionais, eliminando-se assim a problemática da “intrusão” no seu setor. O fabricante como parceiro fundamental A missão dos fabricantes seria proporcionar ao mercado produtos que satisfaçam os clientes, mas atualmente o seu papel deve ir muito para além disso: devem assumir a liderança, conhecendo o mercado em profundidade e colaborando com cada um dos elos da cadeia, e colocar à sua disposição toda a informação necessária, bem como dinâmicas de apoio. Neste sentido, o papel de formador dos fabricantes também é fundamental, e não apenas no que diz respeito aos aspectos técnicos, mas também comerciais. O cliente deve conhecer as possibilidades que a tecnologia lhe oferece e o instalador (ou até a equipa comercial da empresa) devem ser capazes de transmiti-las perfeitamente. Só assim poderemos transformar o mercado e avançar com confiança nas oportunidades que se abrem para nós. O setor residencial está repleto de desafios para todos os seus agentes, agora mais do que nunca. Vivemos um momento único e devemos aproveitá-lo para dar um passo em frente no enriquecimento das instalações com tecnologia – pelo futuro do mercado e de quem vive dele, mas também pelo do nosso planeta.

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