SIL 2020 vs resiliência do imobiliário português

Começo por dar os parabéns à organização do SIL, com realce para o excelente cumprimento das normas da DGS. A Vida Imobiliária, a Confidencial Imobiliário e em especial a APPII deixaram algumas reflexões aos stakeholders do setor imobiliário. Quando neste dia cheguei às instalações da FIL para assistir às conferencias do “Sil Investment Pro, powered by APPII”, encontrei-me com o Henrique Polignac de Barros, o Hugo Santos Ferreira, o João Pessoa e Costa, o Ricardo Guimarães e o Gil Machado, meus velhos e bons conhecidos, alguns já a 25 anos. Entrei neste mercado em Portugal vindo do Brasil para vender a participação de 50% da Multiplan no Cascaishopping, até hoje das maiores e mais lucrativas transações de ativos imobiliários em Portugal, seja pelo pioneirismo, pela aprendizagem, ou pelos montantes e empresas envolvidas. Recordo o escritório de advogados da PLMJ, através do Pedro Saragga Leal, a consultora Cushman Wakefield e a JPMorgan, que formaram uma equipa muito profissional. Lembro-me do comentário que fiz ao Henrique, sobre os nossos cabelos brancos e da AINDA motivação de estarmos neste acontecimento único em Portugal, apesar da Covid, e por isso confesso que fiquei impressionado ao ver tão poucos dos jovens profissionais em ascensão neste mercado. Aproveito para uma referencia ao Ricardo Sousa da Century 21, que não deixou de estar presente com parte da sua equipa, e a um ex aluno no ISEG, da Pós Graduação de Gestão e Avaliação Imobiliária, o Carlos Marques, que investiu com o Stand da Carpe Domos no SIL 2020, um bom exemplo de Resiliência, que apresentava alguns projetos imobiliários (um dos quais a “The Golden Phoenix”, que também está a comercializar, em parceria com a Carpe Domus). E por isso quero publicamente agradecer ao Hugo e ao Henrique, a luta que tem feito em prol do setor e em especial pelo excelente nível destas conferências de 8 de outubro, que em tão boa hora a APPII organizou, e que cativaram a minha atenção durante todo o dia. Pena o setor imobiliário não estar motivado para se contrapor a alguns “lobbys ilegítimos” que temos verificado ultimamente em Portugal, em especial na área governamental. O Primeiro Ministro está a ceder a grupos de pressão dos partidos de esquerda do nosso Parlamento. Pena os convidados palestrantes de órgãos públicos, e que em boa hora estiveram presentes, certamente em prejuízo de suas atividades, tais como o vereador Ricardo Veludo, da Camara Municipal de Lisboa, e o João Neves, Secretário de Estado Adjunto e da Economia não terem participado como eu, em todas as intervenções de todos os promotores e investidores imobiliários presentes, que com humildade falaram sobre os seus problemas nos últimos 6 meses e das soluções que tentam aplicar para manter o emprego dos seus funcionários e permitir que a indústria da construção civil e do imobiliário não morra. Só faltou, caro Hugo, um representante dos centros comerciais, talvez o Presidente da APCC devesse ter estado presente para alertar para o absurdo da atual lei em vigor até dezembro de 2020, que em muito prejudica o negócio e o investimento de fundos de pensões e imobiliários, em especial os estrangeiros, que viam no setor a confiança necessária para investir, pois não havia intervenção ilegal do governo, ainda que, com um diploma que fere a legalidade do negócio e cheio de incorreções, que nem os meus alunos jamais fariam, pois foram, modéstia à parte, bem ensinados sobre como funciona a relação entre lojistas e as empresas gestoras e proprietárias dos centros comerciais. Essa relação comercial é justa e depende do volume de vendas e da atividade de cada lojista e por isso existe a remuneração variável, que complementa a remuneração mínima mensal dos serviços prestados, mas isto seria objeto de uma análise mais profunda, pois o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Uma lei, dita para proteger o pequeno comerciante, fez exactamente o contrário, e o Governo, para poder aprovar o Orçamento de Estado para 2021, cedeu erradamente ao lobby dos partidos de esquerda, que em nada beneficiaram os pequenos comerciantes e seus empregados (agora, possivelmente muitos já são ex-empregados). Ao ouvir alguns palestrantes vieram-me à cabeça os 6 princípios éticos fundamentais na sociedade, segundo a ACEGE: o Homem, a Empresa, a Economia Social do Mercado, a Ética pessoal e profissional, a Excelência no trabalho e o Bem Comum, e que também ficou bem evidente nalguns comentários na sessão de abertura com o Henrique Polignac de Barros e o Jorge Rocha de Matos, ou com o Manuel Reis Campos na sessão de encerramento. TODOS os palestrantes se referiram direta ou indiretamente à necessidade de haver uma conduta ética nos negócios e à necessidade de uma maior eficiência da Legislação em vigor, em especial no que diz respeito aos altos impostos e taxas camarárias, e à elevada burocracia nos licenciamentos, que tem que diminuir, e por isso aplaudo a luta do Hugo e da APPII na redução do IVA na construção, na manutenção dos “golden visa” e no lançamento do Programa Relançar, que a APPII em tão boa hora está a encabeçar. Se por um lado me preocupou ouvir sobre a redução drástica das reservas de um determinado empreendimento imobiliario em Lisboa, devido à Covid-19, por outro animou-me que metade dessa redução já foi recuperada nos últimos meses, o que reflete o regresso de alguma confiança na economia. Esse é um assunto altamente importante pois afeta os 3 pilares do negócio imobiliário: o Promotor, o Construtor e o Mediador… e depois desta palestra tive oportunidade de comentar numa pequena roda de amigos o excelente trabalho que a Confidencial Imobiliario está a fazer em prol da transparência do mercado, através da divulgação do SIR, que a cada dia está mais fiavel e com informação mais completa e pertinente, o que permite justificar o natural GAP existente entre o Asking Price e o valor real de venda. Este é um tema que me preocupa e que eu fiz questão de clarificar quando assumi o recém- criado Departameto de Investimentos na “The Golden Phoenix”, uma “Real Estate boutique Full services” criada em 2018 pela Cristina Carpinteiro, uma empresária francófoma, pois geralmente os preços praticados têm um gap tão grande entre a oferta e a venda, que em nada dignifica, em especial os vendedores, pois é necessário que os compradores e também os promotores analisem os projetos com um “fair asking price”, que permita fechar o negócio com um lucro justo, e satisfazer também o consumidor final, o verdadeiro motor da indústria imobiliária. É importante que os Promotores, Proprietários e Mediadores Imobiliários deixem de ser gananciosos, pois isso nunca é bom para o negócio justo. Por outro lado, a transparência é fundamental para a operação de mercados eficientes. Voltando às palestras deste dia, foi com esperança que ouvi os 3 painéis iniciais, em que diversos promotores e construtores partilharam que se estão redescobrir em soluções que permitam manter os postos de trabalho e fornecer ao mercado, produtos adequados ao presente e ao futuro comportamento do mercado imobiliário, mas ouvi com preocupação o painel sobre o estado do financiamento em Portugal, apesar de estar confiante em soluções como a apresentada pela Square AM, e outras que a criatividade financeira permita atingir a curto prazo e que não foram abordadas. A conclusão que eu tirei deste dia é que os stakeholders da indústria estão ainda um pouco a olhar para o seu próprio umbigo (a ausência de representantes das principais consultoras imobiliárias, assim como alguns dos principais players do mercado, surpreendeu-me) e, na minha opinião, todos se deveriam juntar à APPII e formarem um lobby legítimo para, juntamente com outros grupos de interesse, poderem lutar contra os lobbys ilegítimos que atuam em Portugal através de grupos de pressão, e que estão a prejudicar o mercado, o emprego e o bem estar social da população, em especial os jovens casais que precisam de adquirir habitação condigna. É necessária maior intervenção associativa e coletiva junto aos órgãos de comunicação social e dar voz à importância desta indústria para o desenvolvimento do país. O mercado imobiliário sempre teve a maior e melhor classe de ativos para vender. O setor imobiliário ampliou a definição de transparência com a procura da compreensão do impacto das decisões de investimento que afetam todos os stakeholders. A APPII e os seus associados devem desenvolver, junto do Governo, ações de lobby sobre uma base legal e ética, pois tem de prevalecer o interesse do bem comum e essa atuação deve ser profissional no mais rigoroso sentido e tem que se estar atento para que os fins não justifiquem os meios. É o que está a acontecer (como a lei absurda dos centros comerciais, defendida por uma auto-denominada Associação de Lojistas, que só favoreceu as grandes insígnias e prejudicou os pequenos comerciantes).

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES