Nova solução aeroportuária para Lisboa

Opinião - Duarte Morais Santos, Consultor Senior da CBRE Hotels O Aeroporto Humberto Delgado continua a bater recordes. A Vinci divulgou informação sobre a sua atividade no último trimestre do ano, tendo o Aeroporto de Lisboa registado uma subida de 8.9% no número de passageiros, para um total de 29 milhões, naquilo que é mais um novo máximo histórico. Este aumento acontece, nas palavras da operadora, apesar das “limitações de espaço” existentes. Recorde-se que em 2017 o aumento de passageiros tinha sido ainda mais acentuado, com uma subida de 18.8%. Janeiro ficou também marcado pela referida assinatura de um acordo entre o Estado Português e a ANA, que contém o “enquadramento do processo de negociação (…) para o desenvolvimento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa”. A solução a desenvolver antecipa um montante total de investimento de 1.3M€, que inclui 520M€ para o Montijo, 650M€ para o Aeroporto Humberto Delgado, e 160 M€ para a Força Aérea e acessibilidades, financiados totalmente pelo setor privado. No Montijo prevê-se um total de 36 posições de estacionamento, 25 das quais de contacto, uma capacidade para 7 milhões de passageiros no ano de abertura, o reforço e ampliação da atual pista para 2400m, bem como a deslocalização dos C-295 e os C-130 da Força Aérea Portuguesa para outras bases (Sintra e Beja). Os acessos a Lisboa serão naturalmente reforçados através da Ponte Vasco da Gama e de um serviço shuttle entre o terminal e o cais fluvial do Seixalinho. No Aeroporto Humberto Delgado as alterações são também vastas, salientando-se o encerramento da pista 17/35, a deslocação da base militar de Figo Maduro, o incremento das posições de estacionamento de 60 para 89, com o respetivo incremento das posições de contacto (ao longo das várias fases do projeto), bem como a ampliação do Terminal 1 e aumento da capacidade dos diferentes sistemas do terminal. Concluídas as obras, a capacidade conjunta será de 72 movimentos hora (contra atuais 38-40). Quanto a prazos, mantém-se o objetivo de lançar as obras ainda este ano, prevendo-se a conclusão das mesmas ainda em 2022. Segundo o acordo divulgado, a abertura do aeroporto do Montijo deverá acontecer no prazo aproximado de 36 meses após a assinatura da adenda ao contrato de concessão. Apesar de boas notícias, este documento pouco de novo traz para além de alguns esclarecimentos, tratando-se apenas de um acordo “sobre os aspetos principais da futura regulação económica dos aeroportos de Lisboa, e respetivos pressupostos financeiros, técnicos e operacionais”. O estudo de impacte ambiental encontra-se ainda em curso, sendo que o atual processo de negociação não poderá ficar verdadeiramente encerrado antes do seu final. Independentemente das questões técnicas ainda em discussão, não podia estar mais de acordo com a frase proferida pelo Sr. Primeiro Ministro: “Mesmo depois deste acordo assinado, o debate vai prosseguir. Mas a decisão é esta e há que a pôr em prática”. Esperemos que assim seja, sob risco de as consequências serem demasiadamente gravosas para a imagem e para o Turismo de Lisboa e Portugal.

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