Imperativos éticos

É o da Reabilitação Urbana, que volta a estar no centro do debate, a par de outros temas da atualidade, em mais uma edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto, que tem lugar de 24 a 26 de novembro, desta vez num formato híbrido como o momento assim obriga.Todos recordamos a última crise económica do País, que assolou quase todos os setores de atividade - imobiliário incluído - obrigando à adaptação dos seus profissionais às mudanças de paradigma que o momento exigia: vimos aumentar a procura no segmento do arrendamento (que não estava, como ainda não está, preparado para dar resposta às necessidades e possibilidades das famílias e jovens) e assistimos a uma migração da construção nova para o mercado de reabilitação urbana, que acabou por se alterar à medida que o mercado foi dando sinais de sanidade. Perante a surpresa da crise pandémica que agora enfrentamos e que deixa adivinhar grandes dificuldades para diversos setores de atividade que se repercutirão na situação laboral das pessoas e consequentemente terá efeitos na procura no mercado imobiliário, é expectável que voltemos a assistir a esta alteração de paradigma, ainda que, perante a realidade habitacional no País à data, seja desejável que construção nova e reabilitação urbana coexistam no panorama de mercado, uma vez que se verifica uma ausência de stock imobiliário dirigido para as classes média e média baixa continuam a enfrentar grandes dificuldades no acesso à habitação, por não encontrarem no mercado uma oferta que corresponda às suas necessidades e possibilidades. Na última década assistimos a um aumento considerável do património recuperado, o que foi feito sobretudo nos principais centros urbanos com o esforço de famílias, empresas e particulares que investiram na reabilitação como alternativa de investimento. Esta dinâmica foi também particularmente interessante no que diz respeito à captação de investimento estrangeiro, consolidando o imobiliário como um dos motores da recuperação económica e da própria redinamização das cidades em termos de atratividade turística e de segurança.Como tal, é inegável que a reabilitação urbana deverá continuar a ser uma prioridade, lado a lado com a construção nova, e dando seguimento ao imperativo ético que deve ser a regeneração do património construído e a promoção da habitação acessível.

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