A engenharia no imobiliário – tendências futuras

A Ordem dos Engenheiros foi desafiada, na pessoa do seu bastonário, a desenvolver um texto para a edição comemorativa dos 25 anos da revista Vida Imobiliária. Esta solicitação é naturalmente atendida com agrado, pois que, para além da felicitação que cabe à Vida Imobiliária pelos seus 25 anos e ao seu fundador e presidente, António Gil Machado, o imobiliário é sinónimo de inclusão de engenharia na sua amplitude, desenvolvimento e tendências, pelo que a participação, nesta edição, da associação profissional portuguesa que representa os engenheiros é real e muito oportuna.De facto, a engenharia é uma das principais componentes da dimensão imobiliária. Pensar o território, melhorar as cidades, projetar bairros, imaginar soluções, fazer casas, tudo isto para criar bem-estar às populações e proporcionar um produto final de excelência aos utilizadores é apanágio da engenharia. Pode parecer um “cliché” ou um discurso redondo, mas a verdade é que os fornecimentos de água, eletricidade, gás, sistemas de aquecimento, arrefecimento e ventilação, passando por todo o tipo de abastecimentos desde a sua origem, equipamentos, física das construções, garantia de conforto térmico e acústico nas habitações: tudo, mas tudo é engenharia.A tendência da construção do futuro é virada para o combate às alterações climáticas, sem a perda de conforto e qualidade final que se espera da mesma. A descarbonização da construção e a respetiva diminuirão da pegada ecológica, impõem cada vez mais uma construção sustentável baseada em preceitos presentes e futuros de conceção colaborativa, industrialização da construção, utilização de ferramentas digitais ou mesmo a adoção da construção modelar. Diminui prazos, reduz mão de obra (tão escassa neste setor, atualmente) e otimiza custos. Estas tendências, iniciativas e vontades têm impacto na diminuição do valor do produto final ao consumidor e contribuem para um melhor ambiente.Serão assim as cidades do futuro. Alicerçadas em melhorias que apontam a uma cada vez maior mobilidade urbana desprendida de combustíveis fosseis, a uma organização de cidades com distribuição otimizada de meios, a um aprofundamento da interconectividade (no território, nos transportes, nas redes de distribuição, nas comunicações, etc), a uma informação integrada que potencie a segurança de pessoas e bens e o bem-estar social das pessoas. É a engenharia ao serviço da sociedade.Na habitação, seja social, seja de promoção privada, os promotores, os conceptores, os projetistas, os licenciadores e os fiscalizadores devem ter a noção que o resultado final da sua intervenção será um produto acabado de utilização especifica, pelo que o foco deve estar sempre na “satisfação do cliente”. É neste sentido que urgem a adaptação e uniformização de práticas procedimentais em todo o setor do imobiliário e da habitação, mormente a aplicação de procedimentos e exigências comuns e transversais no licenciamento (alem da sua celeridade), a implementação da “ficha técnica da construção”, bem como devem ser assumidos de forma equitativa no licenciamento, as engenharias (erradamente chamadas de especialidades), formando um todo uniforme em todos os municípios portugueses.Em conclusão, a atividade da Ordem dos Engenheiros, essencial para a defesa da vida e da segurança de pessoas e bens, enquanto guardiã da qualidade e qualificação, ética e deontologia no exercício da profissão dos engenheiros, deve ser entendida como uma vantagem para a sociedade e como um parceiro do Estado, nos seus desígnios específicos, pelo que se assume como uma dos intervenientes para assegurar muitos dos desígnios acima referenciados e que visam a melhoria da sociedade nas suas várias vertentes e setores, incluindo, claro está, o imobiliário.

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