Ânimo em alta no arranque de uma nova década

Agora já podemos dizer que os desafios foram superados com mérito! 2019 foi novamente muito positivo para o imobiliário, em linha com 2018, e só não trouxe mais expansão porque a oferta não conseguiu responder a toda a procura. No investimento, atingimos os €2.800 milhões, mesmo depois dos “jumbo deals” feitos em 2018. Escritórios e retalho continuaram a gerar negócios de investimento muito atrativos, com muita concorrência para a compra e uma rotatividade dos ativos que é hoje reflexo da internacionalização do mercado nacional. Ao mesmo tempo, disparam os mercados de alternativos e de hotéis. Mais de €550 milhões em alternativos transacionados em 2019, ou seja, mais sete vezes do que em 2018; e outros €517 milhões de investimento em hotéis, mais do dobro de 2018. Na ocupação/vendas, escritórios com forte procura e só limitados pela falta de espaço; retalho com muito boa dinâmica, influenciado pela recuperação sustentada da economia e do consumo. No comércio de rua, o setor da restauração e os novos conceitos mais personalizados marcam a abertura de lojas. E nos centros comerciais, muitos espaços em ebulição, com forte aposta na renovação e na conquista dos “novos” consumidores. Na habitação, o número de vendas deve manter-se elevado e próximo de 2018 e nos preços foi um ano de caminho para a normalização. Por último, “o” tema do momento no mercado: o regresso em força da promoção imobiliária. 2019 consolidou-se como o “ano da terra”, ou seja, da aposta em projetos de construção de raiz. O investimento tem sido direcionado para as zonas mais periféricas de Lisboa ou progressivamente afastadas do centro, permitindo desenvolver um tipo de produto que tem as caraterísticas pretendidas pelas famílias portuguesas e ajustado à sua capacidade de compra da procura. Daqui, saltamos já para 2020. Conseguir voltar a ter um “ano da terra”, com investimentos fora do centro prime, em projetos de raiz e direcionados para as famílias portuguesas vai ser o grande desafio do mercado e a grande tendência a marcar o ano. As expetativas são excelentes, aguardando-se o início da construção de grandes projetos como o da Feira Popular ou o da Pedreira do Alvito. E a promoção não se esgota na habitação – há também um incremento do volume de venda de ativos e terrenos para usos alternativos como as residências de estudantes, hotéis, coliving, built-to-rent. Não surpreende, por isso, que um dos grandes ânimos do mercado em 2020 venha do despertar dos alternativos e da “Co-Revolution”: o Coliving e o Coworking, bem como o Student e o Senior Housing estão aí e vão crescer, abrindo novas possibilidades para quem está no mercado imobiliário e para quem usa os imóveis. Mas também as novas SIGI prometem mexer com a indústria e podem ter um efeito propulsor ainda maior para o setor. Em termos de desafios, seria excelente podermos finalmente assistir ao arranque de um mercado de arrendamento residencial com escala, um verdadeiro mercado de arrendamento, como acontece em todos os outros setores não residenciais. A incerteza que o novo pacote jurídico e fiscal do nosso imobiliário é também uma questão para o mercado lidar em 2020. As mudanças são constantes e isso dificulta bastante o investimento, seja a curto, médio ou longo-prazo. Mas mesmo assim, as expetativas para o novo ano não podiam ser melhores. O nosso imobiliário vai continuar no epicentro do mundo, com as grandes multinacionais a chegar e à procura de espaço, com as startups tecnológicas também a chegar, com mais turismo, mais estudantes, um retalho com experiências diferentes e inovadoras, novos conceitos na habitação e no trabalho. Tudo isto acontece em Lisboa e também no Porto, que até há poucos anos eram cidades do “passado”, mas que estão já firmes no futuro e no roteiro global de quem compra e usa imóveis. Por tudo isto, é com muita confiança e ânimo que entramos numa nova década!

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