A retoma do mercado imobiliário e da construção: Que luz se avista ao fundo do túnel?

É certo que existe ainda uma elevada incerteza associada à evolução da crise sanitária, mas o que podemos afirmar é que, a exemplo do que se passa na generalidade da Europa, este cetor é uma aposta prioritária para a reativação da economia e do emprego. A maioria dos Governos europeus estão a preparar medidas fortes para a construção e imobiliário e Portugal não pode ficar atrás neste domínio. Ao nível do investimento público, e tendo em conta o seu caráter decisivo, existe uma expectativa positiva, uma vez que estamos a falar de investimentos que podem e devem ser estruturados por forma a dinamizar os restantes setores, nomeadamente, a indústria, o comércio e o turismo, mas também para promover um desenvolvimento mais equilibrado de todo o país, com recurso ao enorme potencial do Interior e dos denominados Territórios de Baixa Densidade, utilizando eficazmente o financiamento europeu. Recordo que a taxa execução do Portugal 2020 ainda se encontra em cerca de 50% e, simultaneamente, estão a ser debatidos os novos instrumentos comunitários que podem atingir valores muito significativos. É uma oportunidade que não pode ser desperdiçada, para projetos como a reabilitação de edifícios públicos estratégicos, que estão degradados, a construção e manutenção de redes viárias e ferroviárias, o desenvolvimento de infraestruturas de mobilidade urbana ambientalmente sustentável, de redes de água e saneamento, das Smart Grids, bem como, a promoção da eficiência energética, entre muitos outros, que há muito estão identificados como essenciais para a competitividade do país. No que diz respeito ao investimento privado, o país deve focar-se na criação de condições de segurança e de atratividade para os investidores, tirando partido do potencial do território, incluindo o interior, e do posicionamento competitivo que Portugal alcançou em matéria de captação de investimento estrangeiro. Em 2019, o investimento em imobiliário atingiu os 27,2 mil milhões de euros, dos quais 5,4 mil milhões com origem externa. Assegurar a competitividade e estabilidade fiscal, a atratividade de programas de captação de investidores estrangeiros como os Vistos Gold e o Regime de Tributação de Residentes Não Habituais, eliminar impostos excessivos e injustificados, como o AIMI ou o IMI dos stocks de casas detidas para venda por parte das empresas do Setor, permitirá, a prazo, recuperar uma trajetória de crescimento. Estabilizada a pandemia, o Setor pode e deve regressar gradualmente à sua normalidade e continuar a ser um dos mais relevantes motores da retoma económica. Não há motivos para que a solidez e a qualidade do imobiliário nacional e, consequentemente, o nosso posicionamento competitivo à escala internacional não possa ser recuperado.

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES