2016 tem de ser o ano da estabilização do setor da construção

Efetivamente, entre 2002 e 2014, a produção registou sempre variações anuais negativas, que totalizaram uma impressionante quebra de 58,9% em termos reais. Tudo indica que o ano poderá vir a fechar com uma variação em torno dos 2,4%, o que encerra este negro capítulo de redução contínua da atividade e constitui um importante sinal de esperança para o futuro.Estou convicto que esta consolidação se deve, quase em exclusivo, à persistência e ao esforço de reestruturação e de reorientação das empresas. Porém este não pode continuar a ser um esforço solitário, sendo imprescindível ser apoiado e reforçado com políticas públicas devidamente alinhadas com as prioridades europeias, que atribuem, a esta atividade, um papel central na dinamização do crescimento económico e do emprego.O reforço da competitividade das empresas e da confiança necessária para a captação de mais investimento para a economia nacional é um vetor essencial para afirmar esta tendência, permitindo que, de acordo com as expectativas, 2016 possa conhecer mais uma variação positiva, que se poderá situar ligeiramente acima dos 3%, nível que representa um patamar mínimo de recuperação da atividade e do investimento, sem o qual dificilmente seremos capazes de estabilizar em definitivo o setor.Note-se que, ao longo do corrente ano, a recuperação a que assistimos foi resultado, unicamente, de um dinamismo do investimento privado, em especial do investimento estrangeiro em ativos imobiliários, que superou o que seria expectável. Só assim se consegue explicar que, perante quebras históricas nos níveis de investimento público, que revela atualmente uma diminuição em torno dos 40% ao nível dos contratos celebrados, seja possível encerrar o ano com uma variação global positiva.As apostas na reabilitação urbana, na sustentabilidade e eficiência energética e em programas de captação de investidores externos, deverão ser efetivamente concretizadas, pelo que necessitarão de ser apoiadas por políticas públicas devidamente adequadas. O aproveitamento das oportunidades europeias de financiamento, pensando, em especial, no Plano Juncker e na rápida mobilização do Portugal 2020, é determinante e possibilitará concretizar as perspetivas animadoras para o ano de 2016.À semelhança da Europa Comunitária, também Portugal terá de assumir o setor da construção e do imobiliário como uma prioridade para criar emprego e alavancar o crescimento económico. O ano de 2016 começa, como já referi, com esperança, uma vez que estão reunidas as condições para que as empresas possam perspetivar o futuro com mais segurança. Cabe, agora, ao Governo assumir as suas responsabilidades, na concretização das medidas há muito identificadas por esta Confederação.

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