É mais ou menos consensual que a tecnologia ganhou nas últimas décadas – e continuará a ganhar – uma preponderância inquestionável na dinâmica das organizações. Muito já se debateu sobre se ‘as máquinas’ vão ou não substituir as pessoas. É relativamente simples encontrar relatórios que prevejam a perda de milhões de postos de trabalho até 2020. Na verdade, o importante para os líderes das organizações é manter bem presente de que forma essa mudança irá afectar os seus recursos humanos. Mas se é possível substituir as pessoas por tecnologia, porque razão estão todas as grandes organizações no mundo a pensar, de forma crítica, o ambiente de trabalho que promovem e a optimização dos espaços que disponibilizam aos seus colaboradores? Em princípio, porque existe um abismo entre táctica e estratégia, ou entre fazer e pensar como se faz. A revista TIME publicou, em Maio de 2015, que de acordo com um estudo do Pew Research Center, a geração Millennials era já, à data, a maior geração da população activa dos Estados Unidos. Então, como conseguirão as empresas reter o talento de um conjunto de pessoas que é tão diferente dos seus decisores de topo? Uma solução integrada terá que contemplar uma forte estratégia de Workplace. O que é isso? É posicionamento. A minha experiência diz-me que há 5 factores que vão conduzir o futuro das estratégias de Workplace das grandes organizações: Incorporar o ambiente de trabalho no conceito de vantagem competitiva Impulsionado pela evolução das expectativas dos colaboradores, inovações na tecnologia e pela pressão do aumento dos custos imobiliários, o escritório de hoje é muito diferente do escritório de há uma década. Otimizar o espaço de trabalho é agora um requisito essencial para o sucesso. As empresas que falhem, por exemplo, em reconhecer que o ambiente de trabalho é cada vez mais digital, arriscam-se a ficar para trás. Inovação na experiência para o colaborador Ambientes acolhedores marcam a diferença na Employee Experience. A força de trabalho de hoje é cada vez mais diversa – vive-se cada vez mais e as reformas acontecem mais tarde. A geração de baby boomers é orientada a trabalho de equipa e a relações presenciais (face-to-face). A Geração X é muito autónoma e muito focada em resultados. Mas a maior fatia de população ativa à data de hoje, os Millennials e a Geração Z (os Nexters) são experts em tecnologia, procuram ambientes colaborativos, com altos níveis de conectividade, e valorizam sobretudo ambientes de trabalho flexíveis. Mobilidade e flexibilidade em espaços suportados por tecnologia A revolução digital mudou por completo a forma como vivemos e conduzimos os nossos negócios, com as nossas equipas, os equipamentos de trabalho e os dados a que acedemos a deixarem de estar confinados a uma secretária. Num mundo em que as organizações nunca foram tão globais, importa ter ‘O mundo’ – o carro ou o avião, a casa ou o hotel e, sobretudo, a informação - à distância de um clique, se possível no bolso das calças ou na mochila. Mobilidade e flexibilidade serão o ‘novo normal’ e implicarão criatividade constante no modus-operandi das empresas. Gestão estratégica do imobiliário Na CBRE, sabemos que, em média, mais de 30% dos espaços de escritórios é sub-utilizado, todos os dias. Sabemos também que a grande maioria das reuniões é tida em espaços com muito maior capacidade da que é efectivamente necessária. Algumas empresas já olham para a sua estratégia de imobiliário, não como um custo, mas como um veículo de criação de valor. Diferenciação da marca através de espaços de trabalho altamente capacitados Um espaço de trabalho capacitado deve ser optimizado para a eficiência e para a flexibilidade, deve potenciar a inspiração através da experiência do colaborador e garantir a produtividade com serviços integrados e recursos que permitam que as actividades diárias ocorram de forma natural e simplificada. Esse espaço valorizará certamente a conectividade, a componente colaborativa e multidisciplinar das equipas – se possível de forma espontânea – e um ambiente de compromisso, parte-a-parte. Tudo isto pode parecer, de alguma forma, difícil de gerir. Ou talvez não… O que é certamente é uma enorme oportunidade para repensarmos os espaços e o que consideramos ser um ambiente de trabalho efectivo. A boa notícia é que, para as empresas que conseguirem adaptar-se a esta nova realidade e crescer de forma estratégica neste novo entorno, aguarda-se-lhes uma enorme recompensa.