Retalho europeu ganha novo fôlego com expansão de formatos e conceitos emergentes

Retalho europeu ganha novo fôlego com expansão de formatos e conceitos emergentes
Fotografia de Freepik.

O retalho europeu registou um primeiro semestre dinâmico, marcado pela diversidade de conceitos e pela expansão de novos formatos, segundo o mais recente European Retail Radar da Cushman & Wakefield.

Num contexto de renovada vitalidade do setor, a moda mantém-se como o seu principal motor, concentrando 37% da área arrendada em toda a Europa. Já o segmento de produtos mistos consolidou-se como o segundo maior em número de contratos (17%) e respondeu por 23% da área total arrendada, evidenciando um crescimento expressivo de 55% em espaço e 33% em transações face a 2024. 

O segmento de mercado de massa voltou a dominar a atividade no setor do retalho, representando cerca de 70% tanto da área arrendada como do número de negócios realizados entre janeiro e junho de 2025. Dentro deste segmento, os retalhistas de moda destacaram-se, sendo responsáveis por mais de um terço das transações. 

Já o luxo registou um crescimento expressivo, com mais 50% de arrendamentos face a 2024, impulsionado sobretudo por Itália e Reino Unido. Este dinamismo acompanha a recuperação do turismo, que em 2025 deverá atingir níveis recorde e superar, pela primeira vez desde a pandemia, as chegadas internacionais de 2019. 

O setor de alimentação e bebidas manteve-se em destaque, representando 13% das operações e 7% da área arrendada, impulsionado pela expansão de restaurantes casuais e pela procura crescente por opções saudáveis. Também o setor de casa e bricolagem mostrou vitalidade, com um aumento de quase 20% nos contratos e de 65% na área locada.

Rendas em trajetória de crescimento

As rendas no setor do retalho europeu continuam em trajetória de crescimento, com aumentos em todas as classes de ativos. As ruas comerciais lideraram a subida, com uma variação homóloga de 4%, seguidas dos retail parks (3,5%) e dos centros comerciais (1,9%). O dinamismo é particularmente visível nas artérias mais prestigiadas das grandes cidades, onde o aumento do tráfego pedonal e a procura por localizações estratégicas têm impulsionado as rendas a novos máximos. Nos retail parks, foram alcançados valores recorde, enquanto os centros comerciais se aproximam dos níveis de 2018.

Confiança dos consumidores deverá manter-se estável

Até ao final de 2025, a confiança dos consumidores deverá manter-se estável, apoiada pela descida da inflação e das taxas de juro, embora o consumo permaneça condicionado pelos custos de vida e pelas incertezas económicas globais. Perante este cenário, os retalhistas ajustam as suas estratégias, privilegiando lojas emblemáticas e experiências diferenciadoras, num mercado onde a escassez de espaços prime está a intensificar a concorrência pelas melhores localizações.

Em Portugal, a estratégia imobiliária mantém-se como um elemento central para o sucesso no setor do retalho

João Esteves, diretor de retalho da Cushman & Wakefield em Portugal afirmou que “também em Portugal, a estratégia imobiliária mantém-se como um elemento central para o sucesso no setor do retalho. O comércio de rua continuou a ser o formato predominante nas novas inaugurações, com a restauração a destacar-se ao representar 47% das novas unidades abertas no primeiro semestre de 2025. O segmento de lazer e cultura foi responsável por 17% das aberturas, enquanto a moda representou 9%, refletindo a crescente diversidade da oferta comercial. Não obstante, o formato de Retail Parks continua a sua trajetória de forte crescimento e o de Centros Comerciais tem vindo a demonstrar forte consolidação ao longo dos últimos anos”.