Esta foi uma das principais conclusões tiradas da conferência “Green Deal – A oportunidade de um futuro mais verde”, que decorreu no âmbito da Semana da Reabilitação Urbana do Porto. A ideia é assegurar uma Europa neutra em emissões de CO2 em 2050 e um futuro mais sustentável para todos, e o facto de os edifícios representarem atualmente um terço destas emissões, faz com que o imobiliário tenha um importante contributo para este objetivo.
Nelson Lage, Presidente da ADENE, acredita que «o desafio deste Green Deal é que o futuro passa pela melhoria da eficiência energética dos edifícios. A Estratégia de Longo Prazo para a Renovação de Edifícios indica-nos o caminho para a reabilitação energética do parque edificado existente, e aplica-se a todos os edifícios, públicos ou privados. É um desafio gigantesco, atinge toda a sociedade, construção, imobiliário, empresas, setor financeiro. Será um documento charneira para as próximas décadas». E não tem dúvidas: «estamos mesmo numa corrida contra ao tempo».
«Para uma sociedade mais justa e mais verde será necessário muito dinheiro», afirma, apontando 143.000 milhões de euros para a reabilitação deste parque, «o que equivale a cerca de 5.000 milhões por ano nas próximas décadas».
E garante que «a ADENE está hoje empenhada na clarificação deste documento para os novos desafios do setor. Tudo faremos para que esta nova legislação seja suave face à atual, e que crie todas as condições para a formação técnica».
José Manuel de Sousa, Vice Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos, considera que o Green Deal «pode ser muito interessante», e garantiu que os profissionais estão «muito interessados neste tema», recordando que «já em 2016 e 2017 trouxemos o tema à discussão nestas Semanas da Reabilitação Urbana com o lançamento das sementes do que eram os princípios de discussão do “NZEB” e efeitos na construção e desempenho dos edifícios».
Com um país com um índice de pobreza energética muito elevado, «a engenharia espera que esta seja efetivamente a alavanca para o que temos perspetivado fazer ao longo dos últimos anos».
Porto quer ser exemplo
Filipe Araújo, vereador da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto, deu o exemplo da autarquia, recentemente distinguida pela iniciativa Carbon Disclosure Project com Classe + no combate às alterações climáticas, lembrando que «passamos por uma transformação sem precedentes, e falamos pela primeira vez da continuidade da Humanidade». Só na Invicta, os edifícios representam metade das emissões de carbono, e por isso os novos edifícios municipais já são certificados com as normas LEED/BREAM. «Toda a energia dos municípios municipais ou iluminação pública é já de energia 100% renovável», avançou o vereador, segundo o qual a autarquia está também a planear um novo Índice Ambiental incluído no novo Plano Diretor Municipal, que conceda benefícios fiscais quanto mais “verdes” forem os projetos.
«Temos de perceber que os próximos anos serão decisivos. Preocupa-me neste momento que saibamos utilizar os novos fundos da forma correta para que se traduzam em valor para o país. que o façamos naquilo em que nos vai deixar num país mais sustentável e mais rico», conclui ainda o vereador.
45.000 milhões até 2029
Participando também neste debate, Vasco Ferreira, Coordenador de Política Energética da Comissão Europeia, explicou que «o Fundo de Recuperação e Resiliência é para agir a curto prazo, deve ser rapidamente operacionalizado. Associado a ele, existe um quadro comunitário de apoio». Combinado com os fundos europeus do quadro financeiro plurianual, contabiliza um volume de financiamento de cerca de 45.000 milhões de euros para Portugal para 2021-2029.
«Este fundo tem uma dotação orçamental de cerca de 14.000 milhões em subvenções diretas, podendo ter mais 15.000 milhões em empréstimos. Prevê que pelo menos 37% do investimento seja feito n área da energia e clima, promovendo os objetivos do pacto ecológico europeu», conclui.
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