Após uma análise e debate de assuntos como o acesso à habitação pelos portugueses, o mercado de arrendamento e as expetativas futuras no que diz respeito à fileira do imobiliário, durante o período da manhã na III Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal, discutiram-se também temas como a sustentabilidade e a descarbonização.
![Jacques Chanut, Presidente do Groupe SMA France](/media/images/52191587332_07efd8b9d2_k.width-720.jpg)
Jacques Chanut, Presidente do Groupe SMA France, introduziu o tema da sustentabilidade, com uma apresentação acerca da "sustentabilidade na construção & imobiliário como desafio de futuro!", onde delineou os desafios que a fileira do imobiliário enfrenta atualmente no que diz respeito à construção de edifícios cada vez mais sustentáveis. Entre os pontos que retratou, refere que num panorama geral gasta-se muito de forma pouco eficiente, por isso, torna-se vital aumentar o desempenho energético e ambiental dos edifícios que construímos e sobretudo dos edifícios antigos.
![Pedro Mello Vasconcellos, Diretor de ESG, Nhood Portugal](/media/images/52191587427_6f231d79e1_k.width-720.jpg)
O recém-eleito Diretor de ESG da Nhood Portugal, Pedro Mello Vasconcellos, numa apresentação designada “Go Green” – O caminho Carbono Zero para os edifícios do futuro", reforçou por diversas vezes que temos de «perceber o tamanho do problema da descarbonização» e que «a cada dez segundos, são lançadas 10 mil toneladas de gases com efeito estufa». Com base nos dados relativos às emissões nos edifícios, 70% durante a fase de operação e 30% na construção e operação, Pedro Mello Vasconcellos sublinha que «quanto mais reduzimos, menores serão os custos de compensação para colmatar os aumentos existentes», para isso, «temos que olhar para as energias que a natureza nos disponibiliza». Atentou ainda para o facto de que «as políticas públicas devem dar respostas rápidas» e, em conclusão, referiu que «os investimentos devem ser feitos neste momento. Devemos pensar em todo o território nacional».
![Mesa-redonda de debate](/media/images/52192859799_283a9862fe_k.width-720.jpg)
Mesa-redonda de debate
Deu-se assim continuidade aos temas apresentados, numa mesa-redonda de debate composta por vários especialistas do setor, com a moderação de Manuel Collares Pereira, Scientific Advisor da Vanguard Properties. Nelson Lage, Presidente da ADENE, ao citar o programa ELPRE, que prevê a reabilitação de 100% dos edifícios do parque nacional até 2050, acredita que estas «são metas ambiciosas e estou mais do que certo de que serão implementadas. É necessário até anteciparmos estas metas, com urgência».
![Nelson Lage, Presidente da ADENE](/media/images/52191588542_3952753202_k.width-350.jpg)
Além disso, afirma que há «um conjunto de medidas mais passíveis, de renovações mais simples», no entanto, no nosso parque nacional temos «edifícios que carecem de intervenções mais complexas». Referindo-se à reabilitação urbana como chave para os edifícios nZEB, pois «não podemos contar com 15 mil novos fogos por ano para chegar aos nZEB», acredita que esta «[reabilitação urbana] deve ser vista como prioridade», para isso tem que «haver um grande esforço em conjunto, a reabilitação é papel de todos os setores (...) política adequada e articulação setorial: a energia é transversal».
Em termos de investimento, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, frisa que de facto a eficiência energética «é um tema central para os investidores», referindo o caso da Terras da Comporta, que ofereceu aos seus clientes oportunidades de investimento tendo a sustentabilidade com centro. Em termos dos edifícios nZEB, refere que as pessoas «têm de perceber que os edifícios nZEB vão valorizar de facto o património do edifício num futuro próximo». Atentando para o papel do promotor num determinado empreendimento, Carlos David, Diretor de Development da Nhood Portugal, frisa que «quando falamos de empreendimento, nomeadamente em construção nova, quanto mais qualificado for o promotor, maior será a sua preocupação com a sustentabilidade».
![Carlos David, Diretor de Development da Nhood Portugal](/media/images/52193088000_a4ac3b193e_k.width-350.jpg)
"A interação entre todos os stakeholders do território é fundamental"
Ainda de acordo com Carlos David, Diretor de Development da Nhood Portugal, quando olhamos para os setores observamos separadamente o setor do retalho, logística etc., no entanto «devemos olhar para a integração dos edifícios no espaço urbano, ou seja, para o desenvolvimento do território (...) o edifício é uma pequena parte na equação. É fundamental a interação entre todos os stakeholders do território». Fernando Gandra, Diretor Comercial, Uponor Portugal, reforça também o que foi afirmado por Carlos David, «um edifício não está sozinho, está integrado em termos urbanos». Para além disso, referiu que a Uponor Portugal tem «claros objetivos na área da sustentabilidade, procuramos reduzir a pegada carbónica» e enfatizou o papel que as smart cities têm enquanto «tema fundamental quando se fala em sustentabilidade».
Numa perspetiva da indústria automobilística, Paulo Manso, Diretor, C. Santos VP / Mercedes-Benz, enfatiza que a Mercedes tem tido o seu papel na promoção de uma maior sustentabilidade, «temos no mercado 5 soluções totalmente elétricas» e que «a nossa marca tem sido pioneira numa série de coisas». No entanto, atenta ainda para o facto de os carros elétricos «serem um desafio difícil, pois acarretam ainda certas dificuldades».
Para finalizar, assim como na mesa-redonda de debate da sessão anterior, o moderador questionou aos intervenientes presentes no debate “copo meio cheio ou copo meio vazio” relativamente a expetativas no que toca à sustentabilidade dos edifícios no futuro. De enfatizar que todos responderam "copo meio cheio", garantindo que com rigor, transparência e muito trabalho é possível atingir as metas.
![António Miguel Castro, Presidente da CA da Gaiurb – Urbanismo e Habitação, EM e da Inovagaia](/media/images/52192860444_8615220254_k.width-720.jpg)
António Miguel Castro, Presidente da CA da Gaiurb – Urbanismo e Habitação, EM e da Inovagaia, encerrou o ciclo de sessões do período da manhã da COPIP, ao apresentar o estudo "Oportunidade de futuro – apresentação por Vila Nova de Gaia". Ao referir que a Câmara Municipal de Gaia é a única que faz a apreciação dos processos de licenciamento, alega que Gaia «tem um conjunto de investidores estrangeiros que estão a criar novos modelos de investimento. Temos de reter talento e conhecimentos, e criar oportunidades no nosso município (...) temos matéria-prima e população». Referiu ainda que a cidade está «a criar impacto», e que projetos como o Megaparque de inovação e tecnologia, um investimento previsto de 700 milhões, contribuem para o crescimento da cidade. Em termos do tema do licenciamento, destacou a plataforma de licenciamento urbanístico que a Gaiurb, juntamente com a Universidade do Minho e outras entidades, quer desenvolver.