No final de 2024, um total de 21 GW de capacidade de centros de dados na região EMEA estava operacional, em construção ou em fase de planeamento, revela a Cushman & Wakefield num novo estudo sobre este setor.
De acordo com a análise realizada pela consultora, a capacidade operacional cresceu 9% em termos anuais e o pipeline (em construção e em planeamento) 16% no mesmo período.
O estudo acompanha os 32 principais mercados de centros de dados da região EMEA, comparando a sua maturidade atual e o seu potencial de crescimento na próxima década. Em Lisboa, os indicadores demonstram que o mercado de centros de dados está numa fase ainda inicial em termos de capacidade real. No entanto, a capacidade de pipeline está a expandir-se rapidamente.
Embora a capacidade ativa se situe atualmente em 15MW, a AtlasEdge (9,3MW) e a Merlin Properties (180MW) têm centros de dados em construção. Além disso, na fase inicial (excluída da análise), o Start Campus em Sines tem 1,2 GW. Operadores como a Altice Portugal, a Equinix e a NOS Sistemas lideram na capital.
«Portugal dispõe de terrenos em zonas industriais estratégicas, ideais para novos projetos de data centers, e uma robusta capacidade de produção de energias renováveis. Atualmente, mais de 70% da eletricidade do país é gerada a partir de fontes renováveis, posicionando-nos como líderes na produção deste tipo de energia. No entanto, devemos de ter em conta, que nem todos os terrenos possuem cobertura troncal de fibra escura, o que faz com que algumas localizações ainda não estejam totalmente preparadas para estas fábricas digitais do futuro», comenta Sérgio Nunes, Head of Industrial, Logistics & Land, Portugal.
A localização estratégica de Lisboa, próxima dos principais cabos submarinos, reforça a sua importância na conetividade global. O cabo Nuvem da Google, previsto para 2026, e o 2Africa chegam ambos perto da capital portuguesa.
Em Sines, o projeto Start Campus, avaliado em 8,5 mil milhões de euros, pretende tornar-se o maior centro de colocation da Europa, com 1,2 GW de capacidade alimentada por energia renovável, já com todas as autorizações necessárias. Liderado pela Start Campus, o projeto do Sines 4.0 prevê a construção de seis edifícios. A Engexpor concluiu a construção do primeiro edifício do projeto Sines DC, denominado SIN01. Este edifício é o menor dos 6 edifícios planeados para o campus. O SIN01 apresenta uma área de 21.600 m² e capacidade instalada de 14 MW, com diversas zonas funcionais.
Andrew Fray, Diretor de Centros de Dados EMEA da Cushman & Wakefield, afirmou que «a maioria dos mercados de centros de dados continua a enfrentar desafios significativos, incluindo a disponibilidade limitada de terrenos, restrições de energia e regulamentos rigorosos de sustentabilidade, o que está a ter um impacto nos custos, prazos e incerteza significativa no investimento, tanto para os operadores como para os investidores».
«Ironicamente, apesar de ser caracterizado como uma ameaça em alguns setores, o aparecimento do DeepSeek pode oferecer uma solução para algumas das necessidades energéticas associadas aos centros de dados. Ao reduzir a energia necessária para as operações de IA, poderá contribuir para infraestruturas de centros de dados mais sustentáveis e rentáveis. Algumas das linhas de desenvolvimento podem ser reavaliadas, mas o panorama geral é de que a concorrência no espaço da IA era inevitável e é fundamentalmente boa para o mercado. É notável que o DeepSeek se tenha tornado um tema importante tão rapidamente, apesar de não ter antecedentes e de enfrentar preocupações com a segurança dos dados, mas a sua presença contribui indubitavelmente para o mercado e irá impulsionar mais inovação», reforça Andrew Fray.