Em 2024, o investimento imobiliário em Portugal terá atingido os 2.387 milhões de euros. Nas contas da Savills, trata-se de uma subida de 51% face ao ano anterior, graças à já aguardada recuperação do setor, depois de um ano de 2023 mais desafiante.
Neste ano, o retalho foi o setor mais representativo, somando 1.166 milhões de euros investidos (+104% que no ano anterior). Segundo a consultora, «esta performance é reflexo da revitalização do segmento, em particular no subsegmento de centros comerciais, que alcançou 20% do total de investimento, fruto da recuperação do consumo e de estratégias de reposicionamento».
De seguida surgem os supermercados, com cerca de 19% do volume de investimento, «que se têm revelado uma classe de ativos muito interessante para os investidores. Prova disso é a concretização de grandes transações como a aquisição de portfólios de supermercados».
Em segundo lugar, o segmento Hospitality concentrou uma quota de 20% do total, ainda que represente uma diminuição do investimento de 15% face ao ano anterior. «Apesar deste recuo, este continua a ser um segmento estratégico no contexto do investimento imobiliário, devido à importância de Portugal como destino turístico a nível mundial».
Os Alternativos também registaram uma subida significativa do volume de investimento face ao ano anterior, de 114% neste caso, num total de 274 milhões de euros. Este incremento deveu-se à procura por ativos para criação de residências para estudantes (PBSA - Purpose-Built Student Accommodation) e Senior Living que reflete as mais recentes tendências demográficas e um maior enfoque em soluções de habitação especializadas.
Já os escritórios, registaram um dos piores desempenhos de sempre em 2023, mas recuperaram em 2024 e destacaram-se como uma classe de ativos atrativa, particularmente para investidores com perfil core e core plus, agregando um investimento de 310 milhões de euros (+94%). «A descida das taxas de juro foi determinante para renovar a confiança no mercado, enquanto o regresso com maior expressão ao trabalho presencial reafirmou a importância dos escritórios na promoção da colaboração e da cultura organizacional, consolidando a sua relevância e dinamismo no mercado de investimento imobiliário nacional».
Por outro lado, o investimento no mercado de industrial e logística aumentou 83%. A Savills explica que «embora os volumes ainda não sejam comparáveis a outras classes de ativos, os fortes fundamentais do mercado ocupacional e a qualidade do edificado dita um cada vez maior interesse no desenvolvimento de novos projetos pelo que se observou volumes de investimento para Development bastante relevantes, bem como o iniciar de processos muito relevantes e que deixam antever um aumento significativo do investimento em Development de logística para 2025».
Estes números provam o fortalecimento da confiança dos investidores e confirmam a competitividade do mercado português. 81% deste volume de investimento diz respeito a investimento estrangeiro, com destaque para França, Espanha ou África do Sul. A consultora destaca também que os fundos de investimento e gestão de ativos foram responsáveis por 62% do total investido.
As prime yields mantiveram-se estáveis ao longo do ano, com o segmento de escritórios a registar uma yield de 4,75% e os centros comerciais de 6,25%. Já os Retail Parks mantiveram este indicador nos 7%, enquanto os supermercados e a logística mantiveram-se estáveis nos 5,5%.
Dinamismo regressa ao mercado e mantém-se em 2025
O dinamismo regressou ao mercado em 2024, e deverá continuar em 2025, com Lisboa e Porto a destacarem-se como os principais destinos de investimento. Ainda assim, mais investidores se interessam por outras zonas do país, nomeadamente áreas periféricas e emergentes, como o Algarve ou o Norte, onde o turismo ou os custos mais competitivos se mostram particularmente atrativos.
A Savills prevê que, este ano, «a diversificação dos portfólios será uma prioridade para os investidores, que continuam a apostar em segmentos tradicionais, como Retalho e Escritórios, enquanto exploram novas oportunidades em setores em expansão, como Hospitality e Living».
Paulo Silva, Head of Country da Savills, aponta que «o mercado de investimento imobiliário em Portugal apresentou sinais de grande dinamismo ao longo de 2024, com particular destaque para o último trimestre, o que nos deixa sinais animadores para 2025, que antecipamos vir a ser também um ano bastante positivo. Acreditamos que setores em grande crescimento como Living e Hospitality irão continuar a atrair grandes volumes de investimento a exemplo de outros segmentos mais tradicionais, como os de escritórios e logística». Por isso, está seguro de que «iremos continuar a assistir a uma grande procura por ativos modernos e sustentáveis que vão ao encontro das mais recentes tendências nomeadamente a preocupação com os fatores ESG, residindo aqui uma restrição às intenções dos investidores pela escassez de ativos com estas características».