Fim dos Vistos Gold seria "machadada grave na captação de investimento estrangeiro"

Fim dos Vistos Gold seria "machadada grave na captação de investimento estrangeiro"

Aquando da notícia avançada ontem acerca do Governo estar a reavaliar a manutenção do regime de Vistos Gold, Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII, considera que é «descabido estar nesta altura a reequacionar o programa de vistos gold, quando todos os países estão a concorrer pela captação de todo o investimento internacional que puderem», em entrevista ao Eco.

O presidente da APPII afirma que dizer que este programa leva à escassez de habitação acessível, ou que seja até o responsável pelos preços elevados das casas em Portugal, «é um mito». Face às declarações de António Costa, Hugo Santos Ferreira alega que é «ruído que vem dar uma grande instabilidade ao mercado imobiliário» e que «há vários projetos em curso que ficam completamente parados e em stand-by até se perceber qual o alcance deste tipo de declarações».

O fim do programa prejudicaria «seriamente a captação de investimento estrangeiro e, portanto, a entrada de riqueza em Portugal», afirma o presidente da APPII, reafirmando que «declarações destas prejudicam a captação de investimento internacional [por esta via] que, por ano, tem andado entre os 400 e os 600 milhões de euros. É, de facto, preocupante».

«Os vistos gold são também um grande dinamizador de investimento indireto e da economia em Portugal», enfatiza o responsável pela Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários ao órgão de comunicação social, sublinhando que o fim dos Vistos Gold prejudicaria «não só na criação de postos de trabalho, mas também na dinamização de uma série de outras indústrias – como a da construção, que vive muito à custa destes programas. E depois há toda a dinâmica das próprias cidades e do turismo, que têm girado em torno deste tipo de programas».

Hugo Santos Ferreira não defende esta possível extinção do programa, mas considera que o ato de reavaliar o mesmo «tem os seus méritos». O responsável considera que o programa «pode e deve evoluir (...) já sugerimos várias vezes ao Governo que deveria evoluir no sentido de incluir, dentro do que é o cardápio de possibilidades de investimento – como o imobiliário, a reabilitação urbana ou a criação de postos de trabalho –, uma maior aposta, por exemplo, na certificação energética, no investimento em ciência e tecnologia ou no mercado de arrendamento».

No entanto, «reequacionar no sentido de acabar com o programa, não», completa Hugo Santos Ferreira, salientando que o possível fim do regime de Vistos Gold seria «mais uma machadada grave na captação de investimento estrangeiro para o nosso país».