Descarbonização no imobiliário: é tempo de atuar

É neste contexto que a eficiência energética é incontornável. Quanto mais eficiente for um imóvel, menor será o seu consumo energético e menos emissões de carbono terá. Esta é a parte da descarbonização que todos já têm consciência e se preocupam, até porque a legislação da certificação energética está implementada desde há muito tempo e tem fomentado uma maior eficiência como medida de combate às alterações climáticas. Além disso, os custos de opex são beneficiados pela diminuição de consumo e com a crise energética atual é necessário promover uma maior segurança energética dos edifícios.Mas essa é a ponta do iceberg da descarbonização. A descarbonização no imobiliário deverá assumir uma abordagem holística, que abranja todo o ciclo de vida de um ativo, isto é, desde a fase de construção até ao final de vida, privilegiando sempre que possível a reabilitação.A responsabilidade do setor terá que passar também pela redução do carbono embebido na fase de construção através da aquisição e aplicação de materiais mais sustentáveis, e de forma mais eficiente para evitar desperdícios, sempre que possível reutilizados ou com Declaração Ambiental de Produto favorável e preferencialmente de mercados próximos para reduzir o transporte. E não se poderá esquecer o importante papel de uma boa gestão do ativo, de modo a aumentar o seu período de utilização e assim promover a transição para uma economia menos intensiva em carbono.Acredito que se está a ganhar momentum e que temos percorrido um caminho importante. Nos projetos que acompanhamos na Engexpor nota-se claramente que se está a fazer um esforço para alcançar maiores níveis de eficiência de consumos. Os proprietários querem ter edifícios de emissão quase nula e em breve será proibido transacionar edifícios com certificação F.Contudo, para alcançarmos a meta em 2030 teremos de ter em conta que a redução das emissões em 55% até esse ano não passará apenas por diminuir o consumo na edificação, já que o impacte do consumo em termos de emissões depende também do impacte que tem a produção de energia primária debitada na rede, que alimenta os edifícios. Daí ser determinante apostar também na produção de energia mais limpa e Portugal está no bom caminho: no ano passado a produção de energia deixou de utilizar carvão e estamos com um dos maiores projetos europeus referente ao Hidrogénio, além de termos um bom mix energético com uma boa representatividade de renováveis.Por outro lado, creio que o cenário geopolítico atual é uma oportunidade enorme para a nossa transição económica e alinhamento com o Pacto do Green Deal, já que traz à luz não apenas a importância da sustentabilidade energética e a necessidade de redução de consumos, mas expõe também o risco da cadeia de fornecedores e da falta de matérias primas.Se o mercado for inteligente reconhecerá que a situação pandémica e geopolítica (da qual resulta ainda a inflação e a subida das taxas de juro), além de obrigar a uma adaptação e capacidade de resposta, deverá influenciar uma mudança de paradigma. Não se trata apenas de fazer melhor, trata-se essencialmente de fazer diferente.É, portanto, o momento para promover também uma economia circular, em que se aproveitem os materiais de demolição, se recuperem produtos, equipamentos, materiais; se aposte numa boa manutenção e aumente a resiliência e flexibilidade da nossa construção; se estimule a produção e transformação com indústrias locais; se desperdice menos recursos, sejam materiais, energia ou água.É tempo de atuar! E esta perspetiva holística tem vindo a captar o interesse dos investidores, razão pela qual a Engexpor, através do seu departamento de Environmental and Sustainability Advisory Services, tem estado envolvida em diversos projetos de sustentabilidade que irão impulsionar a descarbonização no imobiliário.

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