Transações imobiliárias descem 82% em janeiro

Transações imobiliárias descem 82% em janeiro

A pandemia e o novo confinamento tiveram impacto no setor imobiliário. O Barómetro APEMIP, um inquérito realizado junto dos profissionais imobiliários a operar em Portugal, mostra que 77,4% dos inquiridos confirmaram uma descida das transações em janeiro, face ao mês anterior. 18% indicaram uma manutenção dos negócios, e 4,6% aumentou o número de transações.

Face a janeiro de 2020, 82,4% dos inquiridos reportaram uma quebra nos negócios, 13% uma manutenção dos mesmos, e 4,6% um aumento. Por outro lado, 71% dos profissionais assinala uma descida da procura face ao mês anterior, e de 84,8% face a janeiro de 2020.

No que diz respeito aos preços, a resiliência é maior. 62,5% dos inquiridos reportam uma manutenção dos valores dos imóveis, e 31,4% uma quebra. 6,1% registaram mesmo uma subida dos preços face a dezembro. Já em comparação com janeiro de 2020, 44,9% afirmam que os preços se mantiveram, 37,5% que diminuíram e 17,6% que aumentaram. 62,6% dos inquiridos dão nota de uma descida do negócio da habitação de segmento alto.

Números "desanimadores"

Luís Lima, Presidente da APEMIP, classifica estes números de «desanimadores», e considera que retratam as consequências do novo confinamento, que entrou em vigor a 15 de janeiro, e que impediu as empresas de mediação imobiliária de desenvolver a sua atividade normalmente, nomeadamente proibindo as visitas presenciais aos imóveis.

«Se no ano passado as empresas demonstravam algum otimismo apesar das circunstâncias, em 2021 a fadiga e as dificuldades que enfrentam é espelhada nos resultados deste Barómetro: por um lado, a quebra da procura começa a ser notória, por outro, as empresas continuam impedidas de fazer visitas e de desenvolver a sua atividade, o que se reflete no seu grau de otimismo para o desempenho do presente ano», afirma Luís Lima.

O responsável destaca também que «61% dos profissionais declararam nunca ter efetuado qualquer negócio através de visitas virtuais, e 15,3% afirmaram não ter à sua disposição meios para o fazer, o que comprova que este recurso serve só nichos muito específicos do mercado».

Sobre os preços, Luís Lima comenta que «é natural que os preços comecem a refletir os efeitos da quebra da procura e que se verifiquem algumas correções dos valores praticados», com destaque para o a habitação de segmento alto ou de luxo, que sente a quebra da procura estrangeira, com capacidade para absorver esta oferta.

O Barómetro APEMIP – Janeiro 2021 decorre de um inquérito realizado online, que decorreu entre 2 e 11 de fevereiro de 2021 e contou com cerca de 4.000 respostas de profissionais de empresas de mediação imobiliária licenciadas a operar em Portugal.