«Queremos trazer Vilamoura de volta ao patamar que merece»

Três meses depois da compra de Vilamoura à Lone Star por um consórcio de investidores privados portugueses liderados por João Brion Sanches e um fundo do universo Arrow Global, numa operação assessorada pela Norfin, a Vida Imobiliária esteve à conversa com os novos proprietários. Mais sustentável, mais amigo da natureza e menos densificado, eis o rumo futuro do maior projeto turístico já desenvolvido em território português.«Como investidores, entramos neste projeto com uma aposta de longo prazo. Estamos aqui para colocar Vilamoura no que consideramos que é o patamar que merece, seja pela sua localização seja pela qualidade dos seus ativos; e nesse âmbito a nossa estratégia passa claramente por sermos promotores de produto imobiliário e não pela venda de lotes a terceiros. Isto é algo que está muito claro para nós», garante o novo CEO da Vilamoura World.Naquele que foi um dos negócios do ano, mas cujo valor não é conhecido, os novos proprietários adquiriram um vasto conjunto de ativos em Vilamoura que incluem não só lotes de terreno, mas também infraestruturas e projetos já em desenvolvimento. Tendo em conta que mais de 60% da área definida nos planos iniciais de Vilamoura já está construída, o plano passa não só por desenvolver os restantes 40% mas também por reposicionar qualitativamente os ativos que agora estão à sua guarda. «Desde a marina, à praia e aos parques de estacionamento, ao centro equestre e passando também pelos lotes que não são nossos, mas que têm um papel relevante para Vilamoura, gostávamos de lhes dar um perfil mais elevado. E, que o imobiliário que vai nascer daqui em diante resultasse num produto superior aquele que tem aqui nascido no passado», afirma João Brion Sanches.Para tal, explica, «o objetivo é transformar de novo Vilamoura numa empresa com capacidade interna de loteamento, licenciamento, desenho e definição de produto, construção e promoção, de venda e acompanhamento pós-venda e até, eventualmente alguns casos entrar componente de arrendamento e gestão de serviços. Porque na nossa perspetiva estratégica, para que este possa ser o projeto imobiliário que ambicionamos, primeiro teremos que o desenhar muito bem para que possa ir não só de encontro aquilo que o mercado quer no momento, mas sim, se for possível, conseguir ir um pouco mais à frente, antecipando tendências. E depois, queremos também liderar a promoção, para assegurar o cumprimento dos nossos planos e standards e, a seu tempo, posteriormente entrar também na área da gestão imobiliária e de arrendamento, prestando serviços e assegurando a manutenção e a qualidade de tudo o que sejam equipamentos e infraestruturas como piscinas, jardins, etc. Esta é a nossa linha de ação!».Menos densidade e mais sustentabilidadeSobre os planos para a área de futura expansão de Vilamoura, para onde no passado chegou a ser apresentada a megalómana Cidade Lacustre, João Brion Sanches é perentório, deixando bem claro que todos esses planos são coisa do passado e que não fazem parte do futuro do local.«A perspetiva é a de fazer um produto com muita qualidade e sustentabilidade e, sobretudo, com uma densidade completamente diferente do que previa para a Lacustre, repondo a natureza ao seu estado, ou seja, não indo contra ela, mas sim aproveitando-a, No nosso entender é isto que deve de acontecer e, por isso, tudo o que tem a ver com criar lagos artificiais de água salada em locais onde haviam lagos de água doce, ou realocar os lagos de água doce atuais para outras localizações e fazer canais, gerir toda essa hidrografia artificial e ainda fazer imobiliário em grande quantidade ao seu redor não é, de todo, o nosso plano!», garante o responsável.Pelo contrário, «o nosso plano é fazer um produto enquadrado naquilo que já é hoje o ambiente de Vilamoura, apostando num paisagismo respeitador daquela que é a realidade natural do espaço e numa construção ambientalmente equilibrada e com respeito pela conservação e manutenção da envolvente e do ambiente e, portanto, recorrendo a materiais com o menor impacto ambiental possível, nomeadamente ao nível da geração de carbono, e soluções de energia o mais verde possível. Isto é também, ir de encontro ao que o nosso mercado alvo quer e exige, e pelo qual está disposto a pagar».«A nossa visão é, como disse o João, devolver a este destino aquilo que sabemos que merece: ser reconhecido como o melhor destino para investimento, lazer e, também, para habitação em todo o Algarve. A localização e as infraestruturas estão todas cá, e acreditamos que o passo seguinte será, precisamente, o de criar produto diferenciado e com muita qualidade, que é algo que não aconteceu nos últimos anos, em que o destino tem estado muito parado!», acrescenta Francisco Sottomayor, o CEO da Norfin.

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