Procura permanente e falta de oferta sustentam investimento no setor industrial

Procura permanente e falta de oferta sustentam investimento no setor industrial

O investimento em ativos industriais na europa continua a refletir o forte desempenho do mercado ocupacional do setor, segundo a Savills. A procura permanente de ocupantes e os recordes de taxas de disponibilidade baixas vão continuar a sustentar a resiliência do setor industrial europeu, num período de «descoberta de preços».

De acordo com a consultora, o volume de investimento europeu em ativos imobiliários industriais somou os 42.000 milhões de euros até setembro, uma subida de 2% YoY e 50% acima da média dos últimos 5 anos. Os volumes de investimento em Portugal (595%), Bélgica (124%) e Itália (93%) superaram as suas médias quinquenais pelas margens mais amplas.

Por outro lado, Portugal (+1513%), França (+117%) e Espanha (+76%) registaram um forte crescimento anual no terceiro trimestre, enquanto esta dinâmica abrandou na República Checa e na Hungria, sem transações neste trimestre e que, em simultâneo, na Roménia (-69%), Países Baixos (-66%), e Reino Unido (-46%) se registou um decréscimo.

Andrew Blennerhassett, European Research da Savills, comenta que «após quase uma década de capital de baixo custo, o aumento das taxas de juro fez subir os custos dos empréstimos, levando a que o setor imobiliário comercial se ajuste aos custos crescentes da dívida». Segundo o responsável, o impacto começou a ser visto «no terceiro trimestre do ano, com uma diminuição tanto na oferta de ativos que chegam ao mercado como no número de licitadores no processo de negócios».

Pedro Figueiras, Associate Director do Departamento Industrial & Logístico da Savills Portugal, afirma que «Portugal está entre os mercados mais apetecíveis para investir em logística, juntamente com países como a França, Alemanha, Espanha e Itália, afirmando-se, cada vez mais, como destino para os operadores logísticos transfronteiriços para servir os mercados ibérico e europeu. Além disso, a tendência de nearshoring e o potencial do mercado português de atração de investimento para a industrialização contribuem para uma maior aposta neste segmento por parte de operadores e investidores».

Aumenta o diferencial entre as yields prime e secundárias

Segundo a consultora, o diferencial entre as yields prime e secundárias está agora a aumentar, e diminui o número de compradores dispostos a satisfazer as expetativas dos vendedores de ativos prime.

Os preços têm-se fragmentado especialmente em mercados mais estabelecidos, como o Reino Unido ou a Alemanha, que registam as quebras de valor mais significativas, devido aos recordes de valores que anteriormente registavam. Espanha ou Itália registam quebras menos significativas, mas a tendência é geral.

Marcus de Minckwitz, Head of Industrial & Logistics Savills EMEA, explica que «com tal volatilidade dos mercados financeiros de capitais ao longo do segundo e terceiro trimestre, assistimos à descida do volume de transações e à redefinição de preços tornou-se mais difícil. Com alguma estabilidade a regressar no quarto trimestre, começámos a ver transações novamente numa base reajustada, apoiados por fortes dados do mercado de ocupação do segundo e terceiro trimestre».

Absorção desde 24%

A Savills regista uma absorção de 7,6 milhões de metros quadrados nestes mercados, menos 24% QoQ e menos 16% YoY, reflexo da turbulência económica que vários ocupantes industriais já estão a sentir, com o aumento dos custos da energia e da mão-de-obra, e de uma menor procura, devido ao abrandamento do consumo no 3º trimestre.

Andrew Blennerhassett explica que «embora a atividade de arrendamento tenha dado sinais de abrandamento, os níveis historicamente baixos de espaços disponíveis deverão continuar a apoiar o crescimento das rendas no curto prazo. Além disso, no último ano, foi visível uma mudança dramática no sentido do nearshoring, com muitos dos ocupantes ainda a procurarem ainda assegurar as suas cadeias de abastecimento através da reposição e do armazenamento em stock».

Apesar da turbulência do mercado de capitais, Marcus de Minckwitz perspetiva que «ao olharmos para o futuro, podemos estar confiantes de que, com a procura dos ocupantes a mostrar poucos sinais de abrandamento e o crescimento do consumo a aumentar novamente, os fortes fundamentos do mercado verão o sector mover-se rapidamente através das nuvens de tempestade que se avizinha».