A Ordem dos Engenheiros Técnicos celebra este mês 25 anos de existência. Para o bastonário, Augusto Guedes, «este é um marco determinante. É a celebração de uma profissão com 170 anos de existência, e é um enorme orgulho contribuir para o desenvolvimento do país».
À margem da cerimónia de comemoração deste aniversário, que decorreu a 14 de dezembro no Altis Grand Hotel, em Lisboa, Augusto Guedes destacou o desígnio da OET de «contribuir para o desenvolvimento do país, para a dignificação da profissão dos engenheiros e servir o bem-estar das pessoas, que são o nosso foco principal. Daí a nossa tónica na habitação, que é a condição primeira para a dignidade do ser humano. Agora que o tema está na praça pública, cabe-nos a nós apresentar soluções para que possamos, de forma continuada, produzir habitação».
Por seu turno, José Manuel de Sousa, vice-presidente da OET, afirmou que «a comemoração destes 25 anos representa um caminho muito importante que foi percorrido ao longo deste tempo. Este caminho teve como objetivo valorizar os profissionais da engenharia na componente da nossa associação e, ao longo deste tempo, quisemos sempre dar valor e reconhecer quem sabe fazer. É o reconhecimento social do nosso trabalho, das nossas capacidades e das nossas valências, daquilo que os engenheiros técnicos representam para uma sociedade de valor acrescentado».
O atual bastonário da OET termina agora o seu mandato à frente da Ordem, e faz um balanço «muito positivo destes quase 30 anos de liderança. Conseguimos recuperar uma profissão antiga, dar-lhe dignidade, constituir uma ordem paralela às outras ordens, modernizar o sistema de ensino com o que fomos colocando em cima da mesa, e atingimos todos os nossos objetivos. Cobrimos o país, alargámos a nossa atuação aos países da CPLP, estamos a lançar o fórum Zero Casas Degradadas. E agora temos de criar novos objetivos», sempre «defendendo os nossos interesses, com foco no consumidor final, com rigor e ética», afirma Augusto Guedes.
José Manuel de Sousa completa que «estamos a terminar um ciclo que se iniciou com um conjunto de pessoas com uma determinação especial, do qual o atual bastonário é o principal dinamizador. Essa equipa trouxe-nos até aqui e ao ponto de termos cumprido todas as metas a que nos temos proposto, e vamos continuar com o que estes 25 anos representam: uma valorização contínua da classe. É a isso a que nos propomos, e continuaremos a fazê-lo».
Portugal precisa “de um compromisso para produzir 25.000 a 30.000 fogos por ano”
Para o bastonário da OET, a crise habitacional do país é evidente e uma das principais preocupações da Ordem. Defende que o país deveria assumir um compromisso para «suprir o défice [de oferta] que temos, e para conseguir produzir 25.000 a 30.000 fogos por ano, para que as nossas empresas e profissionais pudessem ter uma garantia de que é necessário atingir esse objetivo. Se o Governo definir isso como uma meta estratégica, as nossas empresas estruturam-se, e os engenheiros não se vão embora. E sabemos qual a verba afetada todos os anos». No entanto, para colmatar o problema da crise da habitação, os métodos de construção tradicionais não são suficientes. «A engenharia está cá para resolver esses problemas, e temos de ser criativos para isso», afirma Augusto Guedes.
E remata que «a habitação também é saúde, representa menos gastos no SNS, melhor aproveitamento escolar, produtividade, turismo, tudo isso tem a ver com essa infraestrutura básica que é a habitação. E enquanto isto não for assimilado por todos, pela sociedade civil e pelo Governo, não saímos disto».
José Manuel de Sousa afirma que a OET «pretende ter um papel especial e cada vez mais interveniente na sociedade, e o problema da habitação preocupa-nos a todos. A habitação é uma condição de direito essencial dos seres humanos. Por isso, estamos a trabalhar com a secretaria de Estado da Habitação (com este Governo e com o anterior), participando nas políticas de construção de habitação com custos controlados e rendas acessíveis e de habitação temporária e urgente, nomeadamente para quem nos procura para trabalhar».