Ocupação de escritórios desce 34% e 66% em Lisboa e Porto

Ocupação de escritórios desce 34% e 66% em Lisboa e Porto

Nos primeiros seis meses deste ano, o mercado de escritórios de Lisboa colocou 55.500 metros quadrados, uma descida de 34% face a igual período de 2020, e uma quebra de 50% face ao primeiro semestre de 2019, ainda totalmente “pré-pandemia”.

É o que mostra a mais recente análise ao mercado de escritórios feita pela Savills. Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da consultora, explica que «não são resultados que nos tragam surpresa, nem geradores de pessimismo. As previsões que temos avançado no decorrer deste ano têm sido coerentes com os resultados que estão a ser observados, assentes num contexto de recuperação da pandemia que ainda coloca muitas empresas em regime de teletrabalho e consequentemente conduz a um prolongamento das decisões de mudança ou expansão de novas instalações».

E destaca que «é curioso verificar que o volume de absorção segue ao sabor do ritmo da pandemia e que, nos últimos dois meses, os valores já conseguiram ultrapassar, ainda que de forma ligeira, os valores registados no ano 2020».

Neste primeiro semestre, foi no Parque das Nações que mais empresas se instalaram, num volume de absorção de cerca de 21.000 m², mais 53% face ao primeiro semestre de 2020, resultado de 10 negócios dominados pelo setor das TMT’s & Utilities, com 64% da área.

No total do semestre, foram contabilizadas 54 operações, menos 5% face ao número registado em igual período do ano passado. A zona CBD liderou a tabela com 18 negócios fechados.

As áreas entre os 1.501 m² e os 3.000 m² foram as mais representativas, num total de 17.500 m² colocados, numa variação positiva de 53% face a igual semestre de 2020.

A Savills destaca que os setores de serviços financeiros e TMT’s & Utilities continuaram a ser os mais ativos na procura de novos espaços de escritórios, representando 64% do total do volume de negócios fechados no semestre: «o aumento da procura por parte destes dois setores tem sido bastante notório, com uma aposta clara na expansão dos seus espaços de escritórios ou relocalização da sua atividade».

Por outro lado, na comparação trimestral, a ocupação do mercado de Lisboa fixou-se 35% abaixo de igual período de 2020 e 62% abaixo do segundo trimestre de 2019. A quebra foi praticamente transversal a todas as zonas da cidade.

9.558 m² colocados no Porto

Já no mercado da Invicta, no primeiro semestre do ano foram colocados 9.558 m², menos 66% que em igual período do ano passado e menos 53% do que em 2019.

No total, foram registadas 24 operações, igual número ao do ano passado, com uma área média de 398 m².

Destaque para a zona CBD Baixa, que registou um aumento da absorção de 135% neste semestre, por oposição a todas as outras zonas, que registaram descidas entre os 66% e os 94% face ao semestre homólogo.

Não se registaram neste período operações acima dos 1.500 metros quadrados. Os espaços com 800 a 1.500 m² representaram 50% do total do volume absorvido.

Alexandra Portugal Comes destaca que «no mercado de escritórios do Porto, é mais visível uma retração da procura e o adiamento de decisões de mudança ou expansão de instalações. Ainda assim, a observação dos valores de absorção desde o início do ano 2021 até ao final de junho de 2021, permite-nos verificar uma evolução muito consistente mês a mês, ainda que em níveis abaixo dos verificados no mesmo período do ano 2020, mas que progridem e reagem positivamente à recuperação do mercado».

Escritórios vão manter a sua importância na cultura da empresa

Comentando este relatório, Ana Redondo, Associate Director do Departamento de Office Agency da Savills Portugal, salienta que «independentemente dos resultados alcançados, é importante ressalvar que os escritórios irão continuar a exercer um papel fulcral no reforço dos valores e cultura da empresa. Com 54% dos novos espaços de escritórios projetados para 2021 já pré-arrendados e um processo de vacinação que segue a bom ritmo, os próximos meses prometem abrir caminho a um ano 2022 mais próximo dos valores pré-pandemia».

«O retorno dos colaboradores e a recuperação dos efeitos da pandemia, a par de uma procura que se prevê continuar ativa, sustentam também a estabilidade dos valores de renda praticados», conclui ainda a responsável.