O desafio ESG da Indústria Hoteleira e do Turismo em Portugal

O desafio ESG da Indústria Hoteleira e do Turismo em Portugal
José Gil Duarte, Managing Partner (à esquerda); António Fontes, Senior Director (à direita).

Sponsored Content: Horwath HTL

A indústria da hotelaria e do turismo é uma das maiores e mais pujantes ao nível da economia global. Todavia, não é possível ignorar que os fluxos turísticos à volta do mundo e os consumos fora da residência habitual acarretam impactos ambientais, sociais e de governança de grande escala e complexidade. Esses impactos são facilmente sentidos pelos turistas nos locais sujeitos a maior pressão turística, o que contribui para a degradação da experiência turística.

Conscientes desta problemática, é do interesse das partes interessadas da hotelaria e do turismo de colaborar proactivamente e antecipar medidas concretas para gerir responsavelmente estes impactos. Longe da habitual discussão que se gera sobre esta matéria, em que o equilíbrio dos benefícios e prejuízos do turismo varia consoante as partes interessadas, é nossa intenção explorar a forma como a adoção dos princípios ESG pode ser uma oportunidade para o setor. Damos assim o nosso contributo para colocar a discussão no lugar certo.

Adoção de princípios ESG é oportunidade para o setor

A aplicação de princípios ESG nas organizações de hotelaria e turismo, seja qual for a sua dimensão, pode ser vista como um imperativo estratégico. Antes de mais, uma estratégia ESG adequada e ajustada às necessidades de cada empresa pode traduzir-se em melhorias de posicionamento no mercado e de rentabilidade. As empresas hoteleiras e turísticas que adotam práticas sustentáveis conseguem ser mais eficientes no uso de meios e recursos, na redução de desperdícios e resíduos e na otimização das suas operações e equipas.

Devidamente comunicadas, essas práticas geram “boa publicidade” no mercado, aprimoram a reputação da marca e atraem hóspedes mais sensibilizados para os temas da sustentabilidade. Viajantes mais conscientes buscam ativamente hotéis com sólidas credenciais ESG. Ao abraçar estes princípios, as empresas são mais fortes, mais ágeis e mais reputadas. Promotores que estejam a desenvolver hotéis ao abrigo da regulação ESG também irão atrair mais facilmente os investidores e parceiros já comprometidos com estas medidas, tirando daí benefícios diretos e indiretos, inclusive ao nível da conformidade regulatória.

Com a regulamentação ESG em constante evolução e a alargar-se ao universo da hotelaria e turismo, as empresas que melhor se prepararem estarão mais capacitadas para se adaptarem a requisitos mais exigentes e assim evitar penalizações. Mais, existe uma janela de oportunidade que pode representar um prémio adicional para aquelas empresas que aceitarem tomar a dianteira da transformação ESG. A indústria da hotelaria e turismo em Portugal está precisamente nesse ponto de mudança. Já há empresas do setor que estão a beneficiar da vantagem competitiva do seu pioneirismo em matéria de sustentabilidade e gestão responsável.

Contudo, beneficiar não significa maximizar esse benefício. Na verdade, no turismo nacional faltam mais empresas hoteleiras e turísticas que estejam a implementar estratégias robustas de ESG, com tudo o que isso implica em matéria de investimento e de reorganização interna. Em geral, as empresas do setor ainda não se comportam como líderes de ESG, gerando benefícios para si próprias e influenciando a integração destes princípios em toda a cadeia de valor da indústria: hotéis, resorts e outros ativos relacionados ao turismo, restaurantes e similares, agências de viagens, empresas de animação turística, etc.

Por sua vez, as empresas hoteleiras e turísticas mais focadas em prosseguir estratégias de desenvolvimento e expansão de propriedades, operações e marcas só agora começam a dar a devida atenção à adoção de princípios como, por exemplo, o design regenerativo, a captura de carbono ou a incorporação de materiais sustentáveis em todo o ciclo de desenvolvimento dos investimentos.

Estas transformações estão agora a acontecer de uma forma mais acelerada graças à crescente presença de investidores internacionais no nosso mercado. A regulação ESG tem evoluído muito nos últimos anos com o objetivo de promover práticas sustentáveis e aumentar a confiança dos investidores em produtos financeiros alinhados com critérios ambientais, sociais e de governança. A União Europeia foi pioneira neste caminho a nível mundial, tendo a sua liderança sido reafirmada recentemente pela via do Pacto Ecológico da União Europeia.

A tendência será para que as obrigações de reporte em matéria ESG se generalizem a todo o universo das empresas, do mesmo modo que estas estão obrigadas a apresentar relatórios de contas. É para aqui que conduzem normas recentes como a Taxonomia (Verde) da EU, que define as atividades consideradas sustentáveis, por exemplo, para fins de reporte; a supervisão dos agentes de notação ESG pela ESMA (Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados); ou a Dupla Materialidade, conceito que enfatiza a necessidade de ser considerado não apenas o desempenho financeiro das empresas, como também a forma como as suas atividades impactam o seu entorno.

Seja em obediência à regulação ou através de uma abordagem mais holística aos princípios ESG, cabe aos empresários da hotelaria e do turismo a tomada de decisões estratégicas nesta matéria. Porém, era importante que as organizações empresariais e socioprofissionais do setor reconhecessem aqui uma janela de oportunidade para a afirmação nacional do Turismo e para a sua competitividade externa. Obviamente, o Estado deve corresponder às aspirações dos empresários e estar disponível para criar instrumentos de incentivo, de natureza financeira e/ou fiscal, aos investimentos das empresas em matéria de ESG.

O setor da hotelaria e turismo não se devia conformar em atender unicamente às expectativas regulatórias. O setor tem condições, e tem interesse, para liderar a adoção e execução de estratégias ESG em Portugal. Muitos dos desafios do turismo nacional estão alinhados com esta problemática: da gestão sustentável da energia, água e resíduos à criação de condições mais atrativas para captar e reter talentos; da criação de relações mutuamente vantajosas com clientes, funcionários e comunidades locais à geração de sinergias com investidores, operadores e parceiros da sua cadeia de valor. O turismo assumirá a liderança duma transição da economia nacional para ser mais reputada, resiliente e responsável.

A nível internacional, o destino Portugal terá muito a ganhar em se diferenciar enquanto líder em matéria de ESG. A Horwath HTL Portugal acredita que o turismo pode liderar a economia nacional em matéria de ESG, colocando essa liderança ao serviço da resolução dos problemas de longo prazo do setor e da consolidação do posicionamento internacional de Portugal como um destino de vanguarda.