Novos registos de alojamento local suspensos em Lisboa

Novos registos de alojamento local suspensos em Lisboa

Foi aprovada esta semana em reunião de câmara uma proposta dos vereadores da coligação PS/Livre para a “suspensão imediata” de novos registos de alojamento local em Lisboa, até que entre em vigor a alteração ao regulamento municipal desta atividade.

A proposta «prevê que enquanto decorre esta discussão (seis meses) não sejam aceites novas licenças nas freguesias onde o número de casas afetas ao AL exceda 2,5% do parque habitacional», explica fonte do PS. «As atuais limitações, como a proibição de licenças em sete bairros históricos da cidade, mantêm-se em vigor durante este processo».

Esta proposta foi viabilizada com os votos contra de PSD e CDS-PP, com abstenção do BE e votos a favor do PS e do Livre, da vereadora independente Paula Marques e pelo PCP.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, considera que a aprovação desta medida é «um sinal muito negativo» para a economia local: «a suspensão imediata de novos registos de alojamento local que hoje os partidos de esquerda e a vereadora independente aprovaram revela um sinal muito negativo para o turismo, para a economia local e, acima de tudo, para milhares de famílias que veem aqui um entrave aos seus rendimentos», refere o autarca numa resposta escrita enviada à Lusa.

Moedas considera que a esquerda escolheu «fazer política partidária em vez de privilegiar a política pública equilibrada, que favoreça a qualidade de vida dos lisboetas e que permita que haja um desenvolvimento económico sustentado e equilibrado», cita o DV.

O autarca considera que o AL deve ter uma «fiscalização mais eficaz», mas está «contra propostas radicais» que dividem a cidade e os lisboetas e o executivo municipal.

Em reação a esta nova medida, a associação do alojamento local ALEP lamentou «o caminho que a disputa pela governação da capital está a tomar», considerando que «é uma mensagem preocupante aos lisboetas ao sinalizar que os interesses dos jogos políticos vão ficar acima dos verdadeiros interesses e debates sobre o futuro da cidade». Completa ainda que «a proposta ataca mais uma vez e desestabiliza sem justificação, todo um setor que representa hoje quase metade das dormidas turísticas da cidade e que gera rendimento e emprego a milhares de famílias lisboetas. É uma ameaça a milhares de famílias num período de crise, pois a suspensão é o primeiro passo para a criação de mais áreas de contenção que automaticamente levam a um forte agravamento fiscal dos pequenos operadores particulares».

A ALEP recorda que «não existe nenhum indicador objetivo a mostrar um aumento de pressão do AL na cidade, pelo contrário. Pela primeira vez na história uma diminuição do total de registos de AL em Lisboa», e que «nas plataformas online como a Airbnb a oferta real ativa de propriedades em AL reduziu em mais de 2.000 alojamentos desde os finais de 2019».

No entanto, a associação saúda o «único ponto positivo da proposta foi o pedido à Câmara Municipal de Lisboa para realizar um estudo aprofundado da situação do alojamento local na cidade. Este é um ponto urgente que a ALEP sempre defendeu, sendo essencial também que seja feita uma limpeza nos registos "fantasma" que se mantêm nas bases de dados e que aumentam artificialmente o peso do AL nas várias áreas da cidade»