Novo resort da Coporgest em Tróia vai custar 116 milhões

Está em marcha um novo projeto turístico de luxo na península de Tróia, um resort no qual a Coporgest se propõe a investir cerca de 116 milhões de euros.Sérgio Ferreira, CEO da promotora imobiliária, afirma ser «apaixonado por esta região desde criança. Conheço bem a costa alentejana, acho que é uma região linda, de enorme potencial, mas que corre o risco de ser desvirtuada por esta mania desenfreada de fazerem empreendimentos a metro sem qualidade nenhuma», diz à Vida Imobiliária. Recorda que a promotora procurava «uma oportunidade nesta costa, mas tudo o que nos aparecia era demasiado igual a tudo o mais. Quando surgiu este terreno, a 2 minutos da praia, não hesitámos. A negociação foi muito rápida e muito profissional». O negócio foi fechado com a Sonae Capital em dezembro de 2020.Em consulta pública até 23 de março, este projeto, que vai surgir na Parcela 2 do Empreendimento Turístico da Unidade Operativa de Planeamento (UNOP) 3 do Plano de Urbanização de Tróia, vai «girar em torno de uma unidade hoteleira de 5 estrelas, com 58 quartos e suites, incluindo duas suites presidenciais», descreve Sérgio Ferreira. Terá também várias villas e apartamentos turísticos e «prevê as habituais amenities deste tipo de resorts, como ginásio, spa, piscinas, restaurantes e kid’s club».O projeto de arquitetura é assinado pela Promontório, e «prevê grande cuidado com a térmica, a acústica, os materiais, e acabamentos verdadeiramente magníficos, em linha com a nossa tradição e experiência». Segundo Sérgio Ferreira, é dada «especial atenção à proteção ambiental. Para além de medidas básicas como a autossuficiência energética e boa gestão dos recursos hídricos, a arquitetura conduz a uma propriedade sem carros à superfície: quem aqui estiver alojado vai ver verde, dunas, praia, vê e ouve o mar, ouvirá os pássaros, mas não será agredido por centenas de carros à superfície».Sérgio Ferreira descreve o público-alvo como «portugueses e estrangeiros que querem ficar alojados num empreendimento fantástico a 2 minutos a pé de uma praia igualmente fantástica».Ordenamento do estacionamento e acesso público à praiaA Coporgest acredita que «os carros são agressores ambientais, mas também emocionais, causam stress nas pessoas, impõem um ambiente urbano que é aquilo que não queremos». O projeto prevê, por isso, um parque de estacionamento público de acesso direto pela estrada municipal, com o objetivo de «ocultar todos os carros, para evitar soluções de estacionamento massivo e desorganizado à superfície, que consideramos completamente desadequadas para a fragilidade deste local».Sérgio Ferreira ressalva que «entendemos que o público deve ter acesso livre à praia, que é de todos, com boas condições de segurança e conforto, mas assegurando o cumprimento de normas ambientais que garantam que o sistema dunar não é prejudicado pelo acesso selvagem que hoje se verifica. Dito de outro modo: suportamos a nossas expensas uma solução que permitirá que o público aceda à praia de forma organizada, mas sem deixar carros à vista. Uma opção que acredito firmemente que será apoiada por todas as entidades licenciadoras que têm a seu cargo a tutela dos valores ambientais. Creio que somos pioneiros nesta iniciativa», completa.Construção pode começar já em outubroO projeto deverá desenvolver-se em três fases, uma para as infraestruturas e duas para a construção à superfície. Neste terreno, «esteve instalado o antigo parque de campismo de Troia, e toda a morfologia do terreno foi completamente adulterada do ponto de vista ambiental. Existe um Plano de Pormenor aprovado que define todas as regras e parâmetros urbanísticos a cumprir, o que nos facilitou muito o desenho do projeto».Sobre o arranque das obras, Sérgio Ferreira afirma que os planos apontam para outubro deste ano, mas tudo depende «das entidades licenciadoras. O Turismo de Portugal já emitiu aprovação. A Câmara Municipal de Grândola tem sido muito exigente, mas muito correta. Têm uma equipa exígua para tantos empreendimentos, mas são disponíveis, atendem-nos o telefone e ouvem-nos com atenção. Não nos fazem favores, o que casa com a nossa forma de estar porque jamais queremos favores de absolutamente ninguém. Impõem regras, mas fazem-no com muita elevação e profissionalismo. Não me canso de os elogiar». Por outro lado, «estamos a aguardar a posição final da CCDR Alentejo, que tutela o estudo de impacto ambiental, e da APA».Se tudo correr como o planeado, o resort deverá ser concluído em 2025.Mas Sérgio Ferreira não deixa de realçar que «as entidades oficiais têm de ser mais rápidas, cumprir os prazos legais e respeitar as leis, o que nem sempre fazem, por incrível que pareça. Têm de pôr fim a essa tradição de encarar os investidores como inimigos, em vez de nos encararem como parceiros. Em vez de aprovarem empreendimentos a metro, deviam exigir respeito pelas capacidades físicas das praias, obrigar a estacionamento controlado e oculto, proteger os valores ambientais, controlar os circuitos de acessos às praias. Estamos nós a fazer esse papel, mas ninguém nos dirige um cumprimento…», remata.

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