O novo relatório sobre nearshoring, desenvolvido pela Cushman & Wakefield, aponta que a quantidade de espaço industrial ocupado pelos fabricantes nos principais mercados europeus está a aumentar rapidamente, à medida que estes decidem relocalizar as suas operações para mais próximo dos seus mercados de consumo, para melhorar a flexibilidade e a sustentabilidade das suas cadeias de abastecimento. Atualmente, a quantidade de espaço industrial ocupado pelos fabricantes já é superior em 28% comparativamente ao ano passado.
«As perturbações na cadeia de abastecimento, o aumento dos custos, incluindo os de mão-de-obra na Ásia e os de transporte, os desafios geopolíticos para comércio transfronteiriço de produtos e a crescente atenção dada à sustentabilidade e ao impacto social, revelaram a complexidade de como e onde adquirimos os produtos que fabricamos, transportamos e consumimos», lê-se no relatório.
Embora o custo tenha sido um fator significativo no "offshoring" de instalações de produção para fora da Europa nas décadas anteriores, não é o único fator que impulsiona agora a atividade atual de nearshoring, realça a consultora. Durante a pandemia, outros fatores ajudaram a acelerar a tendência: a sustentabilidade, o impacto social, a flexibilidade e o controlo estão também a influenciar a tomada de decisões.
Sally Bruer, EMEA Logistics & Industrial Research & Insight Lead da Cushman & Wakefield, explica que «o nearshoring não é apenas uma questão de custos - as empresas também estão a ponderar a rapidez de chegada ao mercado, a transparência, a sustentabilidade e a geopolítica. Os governos também têm um papel fundamental a desempenhar, incentivando o investimento no fabrico de produtos que são essenciais para criar indústrias que sejam económica, ambiental e socialmente sustentáveis. A título de exemplo, os governos europeus têm vindo a intervir recentemente com subsídios para garantir a luz verde para grandes projetos industriais, depois de a UE ter flexibilizado as regras em matéria de auxílios estatais face à feroz concorrência global».
Espanha e Portugal destacam-se
O relatório identifica ainda geografias e setores específicos na Europa que podem beneficiar da tendência por uma série de razões. Espanha e Portugal, ambos apontados pelo relatório da C&W, destacam-se do ponto de vista dos custos e da proximidade dos mercados de consumo, juntamente com os principais portos ao longo da costa norte do Mediterrâneo até ao norte de Itália. Já as principais economias europeias, como a Alemanha, a França, a Itália e os Países Baixos, beneficiarão com o crescimento e a evolução de indústrias específicas, incluindo a produção de veículos elétricos, baterias e o fabrico de semicondutores.
Sally Bruer antecipa que «os ocupantes darão prioridade a edifícios mais recentes que sejam mais eficientes do ponto de vista operacional e económico, especialmente quando forem implementados níveis elevados de automatização. As fontes de energia também serão uma consideração fundamental, uma vez que as credenciais de sustentabilidade são uma parte cada vez mais importante do processo de tomada de decisão. Os investidores serão atraídos para estes ativos pelas mesmas razões».