Um ano depois do início da pandemia em Portugal, as expetativas dos promotores e mediadores imobiliários relativamente à evolução das vendas e dos preços no mercado residencial voltaram a ser positivas.
É o que revela o inquérito de sentimento Portuguese Housing Market Survey (PHMS) de março, realizado mensalmente pelo RICS e pela Confidencial Imobiliário, que ausculta as expetativas dos principais operadores do mercado imobiliário residencial em Portugal. O Índice de Confiança do PHMS projeta as expetativas dos operadores quanto à atividade futura de vendas e preços da habitação.
Março foi a primeira vez desde fevereiro do ano passado que este índice de confiança entrou em terreno positivo, nomeadamente um valor de 6 pontos, que compara com os -68 pontos verificados em março do ano passado.
«Até agora, apesar da resiliência que o mercado residencial foi mostrando, a confiança dos operadores manteve-se em terreno negativo, o que é natural num contexto de grande incerteza trazido pela pandemia», começa por explicar Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário. Segundo o responsável, «o facto de os agentes só agora se mostrarem otimistas quanto à evolução futura das vendas e dos preços resulta não só das boas noticias quanto ao controlo da pandemia, mas também de uma certa aceitação da evidência de que o mercado é efetivamente resiliente. As suspeitas em relação à resiliência do mercado foram sendo dissipadas pelos sucessivos resultados positivos da atividade e, a partir de determinada altura, deixou, assim, de fazer sentido uma perspetiva pessimista», conclui.
Por seu turno, Simon Rubinsohn, Chief Economist do RICS, destaca que «com o alívio gradual das restrições do confinamento em todo o país, a recuperação da economia portuguesa deve ganhar força para o resto do ano». Mas ressalva que «claro que isto dependerá do sucesso no controlo da pandemia, e os riscos continuam fortes. Ainda assim, pelo menos por agora, os inquiridos do último PHMS estão muito mais otimistas nas perspetivas de curto-prazo para a atividade no mercado residencial».
O saldo líquido das expetativas de curto-prazo dos operadores melhorou de -11% em fevereiro para +22% em março, a leitura mais forte da série desde 2018. Antecipa-se uma subida no volume de vendas nos próximos 3 meses em todas as regiões do país.
No que toca aos preços das casas, as expetativas estão em terreno positivo pela primeira vez desde julho do ano passado, com um saldo líquido de respostas de +16%.