A Câmara Municipal de Lisboa tem sob sua gestão mais de 25.000 fogos, o que ainda não é suficiente para responder às necessidades de habitação da cidade. Falando durante a conferência “Habitar o Futuro”, promovida pela Gebalis, na comemoração dos seus 25 anos, Paula Marques lembrou que «só é possível ter, efetivamente, uma garantia do cumprimento do direito à habitação quando se tem um parque público robusto».
Segundo a autarca, existem dois grandes desafios que não existiam há 25 anos, nomeadamente o processo de gentrificação e a crise social, económica e de saúde que chegou este ano. Por isso, considera que «devemos aproveitar esta situação [pandemia] para perceber como mudar o paradigma do modelo de habitação que queremos construir. Não queremos monofuncionalidade nos nossos territórios», cita o Eco.
Paula Marques acredita que «mais habitação pública permite uma maior regulação do mercado», e que «temos de entranhar que a habitação é um direito e temos de pensar nela e retirá-la da lógica de mercado». Mas ressalva: «isso não faz com que ignoremos que o mercado funcione. Agora, queremos no futuro um modelo de habitação muito claro daquilo que é a função do Estado».
Na mesma conferência, participaram também Julie Julie Lawson do Centre for Urban Research, ou Sorcha Edwards, secretária-geral do Housing Europe, que adiantou vários números relativos à percentagem do parque público em vários países europeus. Portugal fica-se pelos 2%, em grande contraste com a Holanda, que tem 30%, a Áustria 24% e a Dinamarca 20%, por exemplo.