Portugal RE Summit: escritórios deverão ter "ano recorde" de ocupação

Portugal RE Summit: escritórios deverão ter "ano recorde" de ocupação
Portugal Real Estate Summit 2022

No primeiro dia do Portugal Real Estate Summit, evento que contou com a presença de 350 participantes, a edição mais concorrida de sempre, decorreu a sessão “Work, Live and Play”, uma análise abrangente das principais tendências e perspetivas para o imobiliário.

No que se refere ao mercado de escritórios, a ambição é de "ano recorde", «a ocupação deverá bater recordes e ser o melhor ano», garante Eric van Leuven, Head of Portugal da Cushman & Wakefield, ao abordar a parte "Work" da sessão. Acrescenta ainda que há «500.000 metros quadrados de nova oferta, metade em construção, 73% pré-arrendado».

"As Rendas em Lisboa e Porto continuam a ser competitivas no contexto europeu"

O Head of Portugal da Cushman & Wakefield frisa também que as duas principais cidades em Portugal continuam «muito atrativas» e que o mercado ocupacional e de investimento «estão muito ativos», apesar da «falta oferta de qualidade e adequada». O responsável pela consultora em Portugal, sublinha ainda o facto de Lisboa estar em «quinto lugar entre os país onde se deverão criar mais empregos no mercado de escritórios».

Eric van Leuven, Head of Portugal da Cushman & Wakefield
Eric van Leuven, Head of Portugal da Cushman & Wakefield

"Espaços flexíveis são um tema, mas ainda modesto no mercado português"

Ao falar sobre a "nova realidade" que os escritórios atravessam, Eric van Leuven indica que «o trabalho híbrido está para ficar, apesar de não existirem dados concretos para Portugal» e que os espaços flexíveis são uma opção, contudo «ainda modesto no mercado português».

Em termos da logística, «as rendas continuam a ser muito competitivas face ao mercado europeu e muito mais baixas que outras cidades comparáveis. As yields continuam altas, há boas oportunidades», refere Eric van Leuven.

"Build to rent não é uma tendência, é uma necessidade, especialmente para os jovens"

Em termos de "Live", Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, aponta para uma «tempestade perfeita», onde os «salários não acompanham a falta de oferta e a inflação. O average português não consegue comprar casa. Toda a oferta é absorvida pela procura atualmente. Há um grende gap entre oferta e procura». O Build to rent torna-se assim uma «necessidade, especialmente para os jovens», indica Paulo Silva, enfatizando que 80% dos jovens até aos 29 anos vivem em casa dos pais.

Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal
Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal

O Head of Country da Savills Portugal sublinha também que há novos fatores a mudar a oferta, «entram novos jovens com menor income que não conseguem crédito, mais trabalhadores internacionais e estudantes. Os millennials e futuras gerações têm outros valores». As designadas propriedades Multifamily bateram recorde de investimento na Europa em 2022, no entanto «nada disso se passa em Portugal», refere o Head of Country da Savills Portugal, acrescentando que o Build to rent «concorre e é o primeiro desafio», sendo que a banca «não é familiar com o modelo Build to rent tradicional, financiamento, custos de construção e dos terrenos etc.». Paulo Silva enfatiza que «há muita oportunidade para investir em Portugal».

Resiliência do setor hoteleiro

Após a pandemia que atravessámos, o setor do turismo tem vindo a recuperar, exemplo disso são os «eventos esgotados, novos lifestyle concepts», refere Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal, ao abordar a parte "Play". Referindo que o pipeline de «hotéis permanece robusto», Francisco Horta e Costa salienta de igual forma que a experiência tem vindo a ganhar importância no retalho que se «adaptou ao comércio online, e as vendas já são mais do que antes da pandemia».

Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal
Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal

Prevê-se que o peso no investimento total em hotéis aumente para cerca de 1/3 este ano, indica o Managing Director da CBRE Portugal, algo que comprova o facto de ser um «setor resiliente». Em termos de volumes do retalho, estes vão «continuar “dormentes», sendo que o retalho «representa menos no global do investimento, face a anos anteriores».