Imobiliário recuperou uma “dinâmica muito interessante” a partir de junho

Imobiliário recuperou uma “dinâmica muito interessante” a partir de junho

Estas são as palavras do Managing Director da CBRE Portugal, Francisco Horta e Costa, que avança ainda que o volume investido em Portugal no terceiro trimestre deverá somar um total de 700 milhões de euros, um valor «bastante influenciado pela transação do Lagoas Park que representou mais de 400 milhões de euros».

As previsões da CBRE apontam para a «conclusão de algumas transações de elevado valor ao longo da segunda metade do ano», o que irá contribuir para que o mercado imobiliário de rendimento feche o exercício com 2.500 milhões de euros, um investimento «robusto» e «provavelmente o terceiro maior valor anual já registado em Portugal».

 

"The Property Handbook 2020" acompanha interesse dos investidores

Hoje, «há muita liquidez no mercado, devido à canalização de muito capital para o imobiliário, e as taxas de juro continuam em níveis muito reduzidos», explica Francisco Horta e Costa. E são estes fatores que poderão impulsionar o investimento nos próximos meses no país. «Portugal continua a estar no radar destes investidores», assume o Managing Director da CBRE que acredita que o país continua a apresentar «retornos bastante atrativos». 

E é para apoiar os investidores neste novo ciclo que a CBRE e a VdA se uniram esta sexta-feira no lançamento da 5ª edição do novo guia do investimento imobiliário “The Property Handbook 2020”, uma edição 100% online que «poderá contribuir para alargar a base de conhecimento, no momento da decisão de investimento», numa altura em que «os players do mercado mostram-se, de uma maneira geral, otimistas quanto a uma rápida recuperação dos indicadores pré-crise», argumenta Miguel Marques dos Santos, sócio da área de imobiliário da Vieira de Almeida (VdA). 

Esta é a quinta edição do "The Property Handbook", que surgiu em plena crise financeira, em 2012, quando era mais difícil convencer os investidores do potencial do mercado português. «Vivemos um tempo de incerteza muito diferente do anterior», garante o sócio da VdA. «Estes materiais podem ajudar o mercado a estar mais informado, especialmente neste tempo». 

Para já, o tipo de investidores que procuram Portugal não tem sofrido alterações. «Não notamos diferença no perfil de investidores», revela Francisco Horta e Costa que a título de exemplo refere que a atividade tem-se mantido por parte do «típico fundo core de baixo risco alemão. E é muito bom sinal que esteja interessado em Portugal». Miguel Marques dos Santos assume que «pensámos que em setembro teríamos muitos mais investidores oportunistas que core, quer em termos de mercado de investimento como de promoção». Mas este tipo de investidores «têm mais esperança de fazê-las [transações] agora».

A presença de players «mais atentos a oportunidades» e «mais dispostos a assumir o risco» pode gerar, segundo o diretivo da CBRE Portugal, o «sentimento de que haverá algum ajuste de preços, principalmente nos setores mais impactado», como é o caso da hotelaria. Ainda assim, o responsável olha para o atual cenário com otimismo: «a boa notícia é que estão cá todos».

 

Incerteza mantém-se

Depois de 7 meses de adaptação à tempestade pandémica, este mercado continua a viver um clima de incerteza. Mas já há sinais que permitem prever o futuro dos setores.

Cristina Arouca, Diretora de Research da CBRE, salienta que ainda se «vive um ambiente de elevada incerteza, mas é já claro que a Covid-19 veio acelerar algumas tendências que já se estavam a verificar nos últimos anos, nomeadamente um crescimento do teletrabalho e do comércio online».

Quanto ao futuro dos escritórios, Francisco Horta e Costa acredita que hoje «começamos a reduzir a incerteza quanto à forma como o mercado se vai comportar em relação ao teletrabalho. O impacto no mercado de escritórios é hoje relativamente reduzido», revela. E acrescenta ainda que «há muito interesse no mercado de escritórios e também no produto logístico, devido às perspetivas de crescimento do e-commerce».

«O residencial para investimento de rendimento é cada vez mais um tema falado no nosso mercado, à semelhança de outros mercados europeus. Há muitos projetos a ser desenhados nesse sentido, e muitos investidores querem comprar numa lógica de longo prazo, com um retorno e risco baixo, assumidamente, é um setor mais defensivo e estável», revela na ocasião o representante da consultora.

Mas esta não é a perspetiva para todos os setores, «há pontos de interrogação no ar». Mais para os centros comerciais do que em relação aos hotéis, acredita Francisco Horta e Costa.

Embora agora se sinta «incerteza na segunda metade do processo - porque não sabemos como é que isto vai correr nos próximos meses», o sócio da VdA acredita «estamos talvez a meio caminho da solução do problema, e podemos dizer que não correu tão mal», como esperado em março.

Para desenhar o caminho do futuro, os Governos tem tido um papel importante. «O facto de os Governos estarem a garantir que as medidas no mercado vão durar mais tempo tornam esta perspetiva otimista talvez ainda mais fundada na realidade. Significa que a probabilidade é que o mercado tenda a funcionar de forma mais normal quando forem levantadas», conclui Miguel Marques dos Santos.