No ano passado, o mercado imobiliário «conseguiu demonstrar a sua resiliência ao longo do ano, apesar de todas as dificuldades decorrentes da situação pandémica», assinala a APEMIP, comentando os números oficiais que apontam para 171.800 transações de compra e venda de casas, menos 5,3% que em 2019.
Luís Lima, Presidente da associação, destaca que «esta resiliência foi assente sobretudo no mercado interno, que concentrou mais de 80% das transações com uma procura a manter-se elevada, até pela inexistência de um mercado de arrendamento competitivo que se apresente como alternativa habitacional, levando também a que se tivesse registado uma maior concessão de crédito à habitação no decorrer do ano».
No entanto, o responsável assume-se surpreendido com o desempenho do último trimestre de 2020, para o qual esperava números mais conservadores, devido ao impacto da segunda vaga da pandemia, o que acredita que pode ser explicado com «processos de compra que já estavam em curso e que foram escriturados no último trimestre».
A par disso, a taxa de variação do Índice de Preços da Habitação, do INE, fixou-se nos 8,4%, menos 1,2% que a registada no ano anterior. O volume das transações ter-se-á fixado nos nos cerca de 26.200 milhões de euros, mais 2,4% que em 2019.
Luís Lima considera que estes resultados resultam «do facto de a procura interna (assente maioritariamente na classe média), continuar a ser muito superior à oferta existente, sendo necessário que haja uma introdução de stock que dê resposta a este segmento para que os preços comecem se equilibrem».
Não arriscando previsões para 2021, Luís Lima acredita que «será importante analisar os dados das transações efetuadas no primeiro trimestre do ano - enquanto o setor se viu impedido de realizar visitas presenciais - e pensar nas consequências que o eventual fim das moratórias de crédito poderá ter no mercado imobiliário».