Sobrecarregado com uma dívida estimada em cerca de 260.000 milhões de euros, a crise do grupo Evergrande tem dominado as agendas financeiras mundiais, espalhando receios nas principais bolsas internacionais.
O rosto do “boom” imobiliário das últimas décadas na China, desde 1996 que o Grupo Evergrande vendia pelo país os sonhos de compra de habitação própria, estando presente em mais de 280 cidades chinesas. Contudo, nos últimos tempos o grupo viu-se sufocado por um conjunto de emissões obrigacionistas no valor de aproximadamente 260.000 milhões de euros e que não só abalaram o seu rating de crédito, como os preços das ações e a reputação perante um público que o tinha como uma das mais prósperas companhias da China.
Prometendo taxas de juro aos investidores entre 7 a 9%, a Evergrande vê-se agora sem capacidade de efetuar os devidos reembolsos. E embora esta terça-feira o gigante imobiliário chinês ter dito ter chegado a um acordo com os detentores de obrigações para evitar o incumprimento de uma das suas dívidas; a verdade é que outros reembolsos são devidos já amanhã, quinta-feira, e o grupo ainda não disse como planeia cumpri-los.
Numa nota enviada ontem à Bolsa de Shenzhen, no sul da China, Evergrande anunciou que uma das suas filiais, a Hengda Real Estate, tinha negociado um plano de pagamento de juros sobre uma obrigação com vencimento em 2025. Segundo a informação avançada pela Bloomberg, a Evergrande deveria reembolsar 30,5 milhões de euros da dívida devida na quinta-feira sobre uma obrigação de 5,8% destinada ao mercado obrigacionista doméstico. Contudo, outros reembolsos são devidos amanhã e a Evergrande ainda não referiu como planeia cumpri-los, aumentando os receios sobre a sua (in)capacidade para fazer frente aos compromissos já esta semana.
À medida que se adensam os receios em torno do futuro da segunda maior imobiliária chinesa, nos mercados mundiais soam mais alto os alarmes de perigo face a um possível contágio como que aconteceu na última década com o colapso do Lehman Brothers. E, por isso, por agora todas as atenções estão voltadas para o Governo Chinês, que ainda não se pronunciou oficialmente se pretende intervir para salvar o grupo privado.
Depois de em outubro de 2017 as ações da empresa terem atingido o seu máximo histórico em bolsa, o seu valor tombou 92,77%. Só nos últimos 12 meses a quebra foi de mais de 88% e, a marcar o início desta semana, na madrugada desta segunda-feira a sua queda foi de outros 10% adicionais.