O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou esta terça-feira que o Governo já aprovou 215 milhões de euros em apoios a fundo perdido às empresas do turismo, 177 milhões dos quais já foram pagos, no âmbito da mitigação dos efeitos da pandemia no setor. Admite que 2020 «foi um ano terrível» para o turismo em Portugal, com quebras de atividade inéditas: «Nunca houve uma contração tão violenta».Considerando Portugal «marca líder» e um «destino forte», acredita que é necessário preservar esta imagem, e «por isso dirigimos apoios às empresas, para que pudessem preservar a sua capacidade produtiva e o emprego. Manteremos os apoios ao emprego, se necessário for, até ao final do ano».Falando durante um webinar organizado pela Confederação do Turismo de Portugal, sob o mote “O Estado do Turismo”, Siza Vieira afirmou que «temos de preservar os atributos que fizeram de Portugal um destino atraente. Quando se controlar a situação sanitária, a procura vai voltar (…). A crise é também temporária, e não foi desencadeada por fatores estruturais ou de mercado, sabemos que quando as restrições são levantadas, as pessoas voltam a viajar. Tivemos esse exemplo com os turistas britânicos no verão», recorda, reforçando a importância de apoiar as empresas, estender as moratórias, ou continuar a dirigir apoios às mudanças estruturais do setor.Quanto à recuperação do setor, admite o “atraso” face a algumas previsões iniciais, devido a esta terceira vaga da pandemia. E por isso, «será necessário um esforço suplementar, do lado público e privado». Mas está convencido de «algum crescimento da atividade ainda este ano. Com a melhoria da situação sanitária, podemos assistir a uma recuperação da atividade turística».O governante garante que «temos procurado manter sempre um diálogo constante com a CTP e com outras associações. Nenhum apoio público pode compensar perda de atividade, o que queremos é usar os recursos à nossa disposição para manter o mais possível a capacidade das empresas. Continuaremos a trabalhar».“Não há reservas que aguentem” tantos mesesFrancisco Calheiros, Presidente da CTP, realçou neste evento a «urgência de salvar as empresas e os empregos», o que «foi possível até agora porque tivemos 10 anos de bom turismo e capitalização das empresas, que constituíram reservas. Mas passados 11 meses do início da pandemia, mesmo com as medidas do Governo, não há reservas que aguentem».Segundo o responsável, os empresários «estão a passar uma fase muito difícil, mas não vão baixar os braços, e vão continuar a lutar», confirmando o diálogo que tem mantido com o Governo e a disponibilidade do executivo.A CTP reclama que o Governo mantenha as medidas de apoio em vigor «pelo menos até ao final do ano», um reforço financeiro do programa Apoiar, e um prolongamento dos períodos de moratórias fiscais e financeiras, além da extensão do apoio Apoiar Rendas, ou de um balcão único para as empresas se informarem e acederem aos instrumentos de apoio disponíveis.Francisco Calheiros destaca também a importância de «medidas de capitalização das empresas. Não aguentamos mais empréstimos». E reforça a importância de «investir na recuperação da confiança e da imagem do país no pós-pandemia».Importância do planeamento e da estabilidade num setor “estratégico e decisivo”Neste encontro, a eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar destacou a importância do planeamento e da gestão na resolução da crise sanitária, não só em Portugal, mas também na Europa: «vão chegar a Portugal apoios muito significativos. Este planeamento tem de ser feito desde já, os montantes devem estar já alocados. Este alocar de verbas deve servir efetivamente para a recuperação do nosso tecido empresarial quando passar a crise», o que acredita que pode começar a acontecer no último trimestre deste ano.Da mesma opinião é o advogado e comentador Luís Marques Mendes, que reforçou a importância da estabilidade (nomeadamente política) para um setor «que é estratégico e decisivo para Portugal. Apoiar o turismo é vital do ponto de vista mais global da recuperação do país».Sobre os apoios europeus, lembrou que «o dinheiro não vai chegar tão cedo. Mais importante é saber se o vamos aplicar bem. Há 20 anos que fazemos o que é urgente e não o que é importante. precisamos de fazer o que é estratégico, estrutural, com repercussões de fundo».Esta também convencido de que «vamos sair bem desta crise», e que «em abril já podemos ter dados muito positivos», reconhecendo o «desafio da imagem internacional de Portugal. Era importante promover já uma campanha de forte promoção de Portugal no exterior».