Num momento em que o setor do imobiliário corporativo enfrenta mudanças estruturais, as empresas mostram-se cada vez mais focadas em equilibrar a contenção de custos com novas exigências de talento, cultura organizacional e flexibilidade no local de trabalho. Esta é uma das principais conclusões do inquérito What Occupiers Want 2025, promovido pela Cushman & Wakefield e pela CoreNet Global, com respostas de responsáveis de CRE em três grandes regiões mundiais (Américas, EMEA e Ásia-Pacífico) representando mais de 8 milhões de trabalhadores e 32 milhões de metros quadrados de área útil.
“As decisões imobiliárias têm um impacto direto na experiência dos colaboradores, no seu envolvimento e no desempenho global do negócio”
“O inquérito mostra que, embora a disciplina de custos continue a ser essencial, as organizações estão cada vez mais conscientes de que as decisões imobiliárias têm um impacto direto na experiência dos colaboradores, no seu envolvimento e no desempenho global do negócio”, afirmou Despina Katsikakis, Líder Global de Consultoria Total Workplace na Cushman & Wakefield, acrescentando que “este é um momento crítico para os líderes de CRE definirem estratégias que proporcionem valor financeiro e humano”.
O controlo de custos mantém-se como prioridade no imobiliário corporativo, mas a incerteza tem travado decisões estratégicas. A instabilidade política, as mudanças nos modelos de trabalho e a falta de métricas claras estão a dificultar o avanço. As prioridades ESG perderam peso a nível global, embora se mantenham relevantes na EMEA e APAC. Cerca de 29% das empresas passaram a integrar o CRE nos Recursos Humanos, refletindo uma gestão mais centrada nas pessoas.
Redução de espaço atingiu o pico à medida que os ocupantes estabilizam os portfólios
Apenas 32% das empresas planeiam novas reduções, enquanto 1 em cada 8 ocupantes pretende expandir a sua área. Entretanto, o tamanho médio dos contratos de arrendamento de escritórios aumentou 13% desde 2023. As taxas de utilização dos escritórios também estão a estabilizar, com níveis globais de ocupação a situarem-se entre os 51% e os 60% - ainda abaixo dos níveis pré-pandemia, mas a subir de forma constante à medida que mais empresas implementam políticas estruturadas de regresso ao escritório.
Proprietários têm de se superar à medida que o escritório se torna um serviço
Os inquilinos estão a exigir mais dos proprietários: 85% dos ocupantes esperam agora que estes forneçam comodidades, serviços e experiências de trabalho melhoradas, e quase metade (46%) está disposta a pagar um prémio por essas melhorias.
Os espaços de escritório de topo conseguem cobrar rendas com prémios próximos dos dois dígitos como resultado. No entanto, continua a existir um desfasamento entre expetativas e realidade: apenas 60% dos colaboradores acreditam que o seu local de trabalho atual apoia plenamente a colaboração, as relações interpessoais e a construção de cultura.
Pedro Salema Garção, Partner e Diretor de Escritórios da Cushman & Wakefield Portugal, sublinha que “estamos perante um mercado cada vez mais exigente, que valoriza projetos de elevada qualidade, sustentáveis e verdadeiramente flexíveis — desde a certificação ambiental até modelos de ocupação ajustáveis às novas formas de trabalho. Este compromisso orienta os projetos que temos em desenvolvimento. Apesar de uma ligeira quebra no take-up no início de 2025, sobretudo devido à escassez de edifícios novos e de qualidade, a procura mantém-se dinâmica. Temos já um pipeline sólido de negócios para o segundo semestre e estamos envolvidos — ou acompanhamos de perto — outros projetos relevantes para os próximos anos. Estamos também a preparar uma oferta qualificada para 2027/2028, com empreendimentos de grande dimensão que vão dar resposta às necessidades do mercado e elevar o padrão de qualidade dos escritórios em Portugal”.