A Cushman & Wakefield divulgou os resultados do seu mais recente estudo sobre o mercado de residências para estudantes em Portugal – classe de ativos Purpose Built Student Accommodation (PBSA). O estudo confirma a crescente relevância desta classe de ativos no país, embora a oferta continue aquém das necessidades, à semelhança dos anos anteriores.
Já os valores médios por cama continuam a subir, embora a um ritmo inferior ao ano anterior – um reflexo da inflação mais controlada. Ana Gomes, Head of New Business & Alternatives da Cushman & Wakefield Portugal, afirma que «o setor de PBSA está a tornar-se uma classe de ativos cada vez mais consolidada em Portugal. Estamos agora a entrar numa nova fase, passando claramente de um mercado de desenvolvimento para um mercado de ativos permanentes e geradores de rendimento». No entanto, destaca que «continua a ser muito superior à oferta e as taxas de aprovisionamento continuam a ser entre as mais baixas da Europa».
Portugal tem a maior taxa de crescimento de estudantes estrangeiros na Europa
O estudo, elaborado pela equipa de Development & Living da Cushman & Wakefield, sublinha ainda que Portugal apresenta a maior taxa de crescimento de estudantes estrangeiros na Europa, prevendo-se que a mobilidade internacional continue a aumentar a procura por alojamento nos próximos anos, dependendo das políticas de migração.
De acordo com o estudo, há espaço para crescimento significativo no mercado de PBSA, uma vez que a taxa de provisão continua a ser inferior às de outras cidades da Europa. As estimativas atuais indicam a necessidade de, no mínimo, mais 12.000 camas em Lisboa e no Porto para alinhar com a média europeia.
Nos últimos 12 meses, o crescimento da oferta nas regiões da Grande Lisboa e do Porto foi moderado, com cerca de 756 novas camas disponibilizadas em instalações privadas e públicas. No entanto, apesar da inflação mais controlada, as rendas continuam a crescer a um ritmo significativo, refletindo o enorme desequilíbrio entre a oferta e a procura.
Em comparação com o ano letivo anterior, registou-se um aumento médio de 8% nos preços por cama em Lisboa e no Porto. Em Lisboa, os preços subiram entre 10% e 11%, enquanto no Porto o aumento foi de 4%. Prevê-se a entrada de cerca de 1.500 novas camas nos mercados de Lisboa e Porto durante o próximo ano letivo, das quais pouco mais de 300 serão relativas a projetos públicos.
No que respeita ao investimento no setor, o preço médio por cama situa-se entre os 80.000 e os 100.000 euros, com exceção do projeto Home & Co, que foi transacionado a 152.000 euros por cama. As yields prime de referência para o mercado de PBSA em Portugal mantêm-se entre 5,25% e 5,75%, valores inalterados nos últimos dois anos.
“Atrasos no licenciamento continuam a ser um problema”
Apesar do crescimento do mercado, Ana Gomes alerta que «os atrasos no licenciamento continuam a ser um problema, especialmente no caso de alguns grandes projetos em Lisboa, incluindo projetos públicos relevantes. Milhares de novas camas continuam a ser anunciadas pelo Governo, supostamente a serem desenvolvidas com financiamento da UE através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)».