O forte aumento de famílias estrangeiras residentes em Portugal está a impulsionar a procura por colégios privados internacionais na região de Lisboa. O aumento do número de famílias estrangeiras condiciona a compra de casa em zonas que apresentam uma oferta reduzida e pouco qualificada destes estabelecimentos de ensino.
De acordo com a consultora Athena Advisers, a existência de escolas numa determinada zona, ou na sua proximidade, é «um fator determinante na decisão de compra por parte das famílias, incluindo as portuguesas que devido às fragilidades do ensino público ou à aposta numa educação mais cosmopolita, optam pelos colégios privados», em comunicado.
A oferta de escolas internacionais cresceu 93% nos últimos cinco anos na região de Lisboa, todavia há ainda muitas zonas com potencial para acolher este tipo de residentes, mas que não conseguem acompanhar a procura por não responderem às suas necessidades de educação.
«Acontece com muita frequência que as famílias com filhos escolhem primeiro a escola e só depois a casa», refere Carlota Pelikan, Destination Adviser na Athena Advisers Portugal. A responsável adianta que «no entanto, a relação entre o imobiliário e a oferta de ensino vai muito além desta perceção. Há uma interdependência entre o desenvolvimento ou a renovação de um bairro, o investimento imobiliário e o surgimento de novas escolas. Novos projetos imobiliários chamam pessoas, que por sua vez geram potencial para investir em estabelecimentos de ensino. É a existência de escolas e bons transportes que dão o boost a uma determinada zona e a consolidam enquanto destino residencial».
Nathalie Willis-Davis, fundadora da Tendoria, empresa que presta aconselhamento às famílias que procuram a escola certa em Portugal para os seus filhos, indica que «o número de escolas internacionais na Europa cresceu 32% na última década, o que evidencia ainda mais o aumento de 93% na região de Lisboa só nos últimos 5 anos. Lisboa é um mercado altamente apetecível para o setor do ensino e a prova disso é o forte investimento de grupos de educação como o Dukes, Inspired e Globeducate. Outro aspeto interessante deste mercado é a oferta cada vez mais diversificada. Embora as escolas britânicas, americanas, francesas, alemãs, bilingues e IB, estejam na base do crescimento deste ecossistema, estão também a surgir escolas progressistas, ou mesmo alternativas, para apoiar as crescentes comunidades cosmopolitas da região».
De referir que, do total de vendas residenciais realizadas pela Athena Advisers em 2022 no mercado português, mais de 46% foram efetuadas para famílias que pretendem estabelecer-se em Portugal, nomeadamente na região de Lisboa, uma tendência que, de acordo com a consultora, irá continuar a liderar as intenções de compra e a impulsionar o mercado imobiliário.
Carlota Pelikan sublinha que há zonas fora da cidade de Lisboa que estão a ser muito procuradas, incluindo por estrangeiros que querem comprar casa a preços mais baixos. A responsável aponta para o exemplo da Margem Sul, «uma zona com muito potencial, que regista uma procura crescente devido à proximidade das praias e à qualidade de vida que oferece, e que só não tem mais famílias a instalar-se na região devido à reduzida oferta que apresenta ao nível do ensino privado, apesar de já haver alguns novos colégios a nascer nesta zona».
A Ericeira é outra área que está em expansão a norte de Lisboa e Carlota Pelikan acredita que, no futuro, a oferta de escolas privadas fará com que esta zona seja também uma opção para a fixação de famílias. Já na cidade de Lisboa, a zona da Ajuda é um exemplo onde o surgimento de colégios privados está a acompanhar a reabilitação e desenvolvimento imobiliário deste bairro, nota a consultora.
Estes estrangeiros estão já na mira dos promotores imobiliários e a ser alvo de um significativo desenvolvimento imobiliário. Todavia, a Athena atenta para a escassez de oferta a nível de escolas privadas, incluindo internacionais, que pode estar a limitar a fixação de mais residentes, como também o desenvolvimento imobiliário.