ESG: "uma preocupação" tanto de investidores como de ocupantes

A sustentabilidade é um tema que, cada vez mais, ocupa uma posição central na agenda do legislador, dos governos, dos grupos empresariais, dos investidores e consumidores. Tendo como base uma entrevista realizada a Duarte Cardoso Ferreira, Senior Director de Strategic Advisory na CBRE Portugal, onde é feita uma análise à relevância das questões ESG no setor, numa primeira instância, podemos constatar que a preocupação com temas ambientais sente-se tanto no lado de investidores, como também dos ocupantes, «se falarmos exclusivamente dos temas ambientais, ambos os lados demonstram uma crescente preocupação».Duarte Cardoso Ferreira, recorda que «é verdade que do lado dos investidores houve uma despertar para o tema mais cedo, porque o impacto desse lado também é maior e todo o mercado se ajustou rapidamente no sentido de valorizar o ‘green’ desvalorizar o "brown" », no entanto, os ocupantes estão a acompanhar esta tendência por via da «evolução regulatória e a necessidade de reporte e com uma aceleração enorme da consciência generalizada da população – começando nas gerações mais novas – e o respectivo impacto na capacidade de atrair talento».«O vasto tema da sustentabilidade ambiental compreende variáveis sobre as quais é absolutamente urgente actuar»Ao ser questionado sobre o facto de ser ou não uma ideia limitadora associar o tema da sustentabilidade apenas à certificação de edifício, o Senior Director de Strategic Advisory na CBRE Portugal refere que «não só é limitadora como é perigosa, porque a certificação não muda nada no edifício». Para isso, indica que «há uma análise profundida a fazer caso a caso – quer numa perpectiva de portfolio quer na perpectiva activo-a-activo» para que essas estratégias possam ser implementadas.Por exemplo, na CBRE a área de Sustentabilidade «reside dentro do departamento de Consultoria estratégica precisamente porque vive da integração de informação sobre os edifícios e o seu posicionamento como produtos imobiliários na aceção mais lata do termo», refere Duarte Cardoso Ferreira, acrescentando que «nesta equipa, assessoramos o cliente (investidor ou ocupante) desde a transacção, à construção e à gestão até à potencial saída ou estratégia de desinvestimento. Para além de certificações – que fazemos toda e não só as ambientais – fazemos consultoria estratégica de ESG para alinhar portfolios completos com as metas do Acordo de Paris, gestão de ricos e medição de pegadas de carbono, estudos de biodiversidade, concepção e implementação de estratégias de energia renovável, auditorias, entre muitas outras coisas que são fundamentais para que os edifícios melhorem as suas performances».A importância da área da sustentabilidade como gerador de negócios para a CBREDuarte Cardoso Ferreira atenta ainda para a relevância da área da sustentabilidade nos negócios da mediadora, como uma área que permite identificar «oportunidades de investimento que os vão valorizar e tornar os activos mais líquidos, porque muitas vezes identifica oportunidades de renovação dos porfolios e porque ajuda a que a cadeia de valor que oferecemos aos nossos clientes seja ainda mais completa, o que contribui muito para a construção de uma plataforma muito sólida de confiança no nosso conhecimento transversal do sector, que o cliente CBRE valoriza muito».Tendo em conta o tema, o Senior Director de Strategic Advisory na CBRE Portugal antecipou também as tendências que vão a marcar os próximos anos, que certamente serão de «integração de diversas ‘variáveis’ que gravitam em redor do imobiliário e das quais não é possível – nem desejável – fugir para construir uma pegada mais sustentável no sector. Falo da integração da tecnologia, das ciências socias e do comportamento, da inovação e industrialização digital da construção ao serviço da sustentabilidade e da gestão do risco por parte de investidores e ocupantes numa viragem de 180 graus para um imobiliário que, mais do que ser neutro, será de impacto positivo no ecossistema».

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