80% de todo o negócio da Era em 2015 disse respeito à venda de casas, com os portugueses a representar cerca de 80% do total, num ano em que a concessão do crédito à habitação cresceu 70% até novembro. A cultura de compra de habitação prevalece entre as famílias portuguesas, e parece estar para ficar, agora que os bancos voltaram a abrir as torneiras do crédito: «não nos podemos esquecer que o crédito à habitação ainda é o negócio core dos bancos, que vão ter de pensar bem o equilíbrio entre a situação atual e o passado», lembrou Miguel Poisson, diretor geral da imobiliária.
2015 foi mesmo o melhor ano de sempre da Era, desde a sua entrada em Portugal em 1998. Até aqui, 2010 tinha sido o melhor ano, e 2015 conseguiu suplantar esse resultado em 16%. Os dados foram divulgados por este responsável, num encontro com os jornalistas, no qual revelou que o objetivo é continuar a crescer este ano, «prevemos um crescimento de 16%, muito conservador, mas eu acredito que será superior».
Em 2015, o preço médio de venda dos imóveis na Era foi de 120.000 euros, onde tem um grande peso o Regime dos Residentes Não Habituais, com compras normalmente próximas dos 250.000 euros. Os estrangeiros representam 20% das vendas da rede, sendo mais significa a procura por parte de ingleses, franceses e brasileiros.
Segundo os dados revelados, Lisboa continua a ter a maior fatia da faturação da empresa, nomeadamente de 37,87%, seguida pelo Porto, com 19,91% e por Faro, com 8,45%. Há que destacar, no entanto, o crescimento significativo dos Açores, nomeadamente de São Miguel, que cresceu 57,55% face ao ano anterior, e também de Lisboa, que cresceu 44,16%. Miguel Poisson referiu que «será interessante saber melhor a que se deve esta nova grande procura pelos Açores, onde vamos abrir 2 novas agências em breve».
Em detrimento das vendas, em 2015 o arrendamento caiu ligeiramente em 2015, representando atualmente menos de 20% do total de transações da Era. Recorde-se que representava o dobro desta percentagem durante os anos da crise.
«2/3 das carteiras dos bancos são imóveis não residenciais»
Dos 1.200 milhões de euros de faturação da Era em 2015, 7% diz respeito a imóveis da banca, num total de 80 milhões de euros, essencialmente imóveis de habitação, já que o peso que têm nas suas carteiras é de apenas 1/3, no caso da Era.
A imobiliária tem atualmente mais de 16.000 imóveis de bancos, «muitos deles frutos de processos judiciais complicados, mas ainda assim menos que em 2014», explicou o responsável. A diferença de escoamento entre comercial e habitacional prende-se com o facto de que «as empresas ainda não expandiram, e não investiram ainda em espaços». Por isso, «vão crescendo as entradas de imóveis não residenciais» nas carteiras da banca comercializadas pela Era, «e descem as residenciais», um produto que tem vindo a escoar bem melhor.
Expansão é palavra de ordem
Em 2015 a era abriu 25 novas lojas/franquias, resultado de uma aposta específica «na formação de empresários e em sermos uma escola de empresários. Temos agora mão-de-obra muito diferenciada e qualificada», já que muitos dos franquiados da Era são pessoas que apostaram no auto-emprego depois de mudanças de área profissional ou desemprego. Provêm, por isso, das mais variadas áreas, o que Miguel Poisson considera que é uma vantagem: «estes empresários estão rodeados por diferentes pessoas, o que aumenta muito a qualidade do serviço. Tentamos até não ir buscar pessoas à mediação, 95% provém de outras áreas», revela.
Este ano, a rede deverá continuar a apostar nas Lojas+, que deverão, futuramente, representar 50% das lojas da imobiliária. Trata-se de um novo conceito de loja e uma forma de a marca chegar aos conselhos mais pequenos, e aí criar oportunidades de emprego. Através deste sistema, o investimento necessário pelos franquiados é mais baixo, e controlam, por isso, uma área menor do mercado. A Era pretende, assim, «contribuir para a resolução do elevado nível de desemprego, atenuar o problema de acesso ao crédito para empreendedores e contribuir também para uma diminuição dos níveis de emigração do país».
A aposta nos meios digitais será também para continuar em 2016: «temos feito um investimento grande na área digital», explicou Miguel Poisson, revelando que em 2015 «o nosso site ultrapassou a barreira dos 800.000 utilizadores únicos por mês, portanto, excluindo novas visitas do mesmo utilizador».
Baixas taxas de juros e Residentes Não Habituais são oportunidades para este ano
Segundo Miguel Poisson, o Regime os Residentes Não Habituais são «uma enorme oportunidade» para os reformados que escolhem Portugal para comprar casa e pagar menos impostos, principalmente franceses, ingleses, belgas ou escandinavos. Este regime «deverá continuar a atrair muitos estrangeiros», numa altura em que «Lisboa é uma das cidades europeias mais procuradas para investimentos imobiliários».
Por outro lado, acredita que «é provável que se assista à entrada de mais fundos estrangeiros em Portugal, que poderão ter um papel importante na compra de empreendimentos por terminar». Prevê também um aumento dos projetos de construção nas zonas mais turísticas.
Adicionalmente, já que as taxas de juro dos depósitos a prazo estão já com rendimentos inferiores a 1%, o imobiliário é uma clara alternativa, já que permite rentabilidades anuais líquidas na ordem dos 3% a 5%, segundo alguns exemplos dados pelo responsável.