Duarte Cordeiro: neutralidade carbónica "é objetivo estratégico do país"

Quase 40% das emissões de carbono estão ligadas à construção, mas o sector está a mudar. O reconhecimento é do próprio Ministro do Ambiente e da Ação Climática que assinalou a «vontade de alinhar os objetivos estratégicos do setor [da construção e do imobiliário] com aquilo que são os imperativos que estabelecemos para o desenvolvimento do país» .Duarte Cordeiro, que falava durante a Conferência "Os Desafios da Construção 4.0: da Descarbonização à Transição Digital", uma iniciativa da AICCOPN, recordou que Portugal «assumiu em 2016 o objetivo estratégico de atingir a neutralidade carbónica» e revelou que estamos num bom caminho: «temos sido sinalizados pela União Europeia como um dos países mais bem colocados para atingir este objetivo».As alterações climáticas são uma emergência de tal de ordem que escusam argumentos adicionais, no entanto, perante uma plateia de construtores, o Ministro destacou ainda outros dois aspetos importantes que motivam a transição energética: a soberania e a economia.«Cumprir este caminho também nos permite reduzir a nossa dependência com o exterior e permite aumentar a nossa soberania». A aposta nas energias renováveis, na eficiência energética, a diversificação nas fontes de energia, o aumento da eletrificação, a modernização das infraestruturas... «permite-nos estar menos dependentes do exterior. Permite-nos aproveitar melhor os nossos recursos naturais», sublinhou. E do ponto de vista económico, esta é também «a melhor estratégica» afirmou, explicando que «utilizar a estratégia da transição energética alinhada à ideia do crescimento verde, de atração de investimento para o nosso país, é uma oportunidade nacional»."Já somos o 4.º país europeu com maior incorporação de renováveis na produção de eletricidade", Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação ClimáticaO objetivo é claro, descarbonizar a economia, a indústria, procurar alargar a todos os edifícios o princípio da eficiência, mas também a generalização da produção de energia renovável. «Queremos chegar a 2030 com uma redução de 50% da emissão dos gases com efeitos de estufa. E até 2030 teremos de duplicar a produção de eletricidade com origem em fontes renováveis acelerando a descarbonização», disse.Manuel Reis Campos: "é necessário construir e reabilitar mais"Para Manuel Reis Campos, Presidente da AICCOPN, «um parque edificado com maiores níveis de sustentabilidade é um imperativo nacional». Contudo, deixou o alerta «o nosso parque degradou-se na última década». De acordo com os Censos, Portugal tem, atualmente, mais 250 mil edifícios, a necessitar de intervenções significativas, do que há 10 anos. «Esta situação contrasta com a estratégia europeia para uma vaga de renovação, que estabelece metas ambiciosas até 2030, tais como duplicar as taxas atuais de reabilitação energética de edifícios residenciais e não residenciais, melhorar o desempenho energético e criar milhares de empregos verdes no setor da construção», sublinhou Manuel Reis Campos. Para o Presidente da AICCOPN é evidente: «é necessário construir e reabilitar mais»."Adaptação das empresas à construção 4.0 é um desafio que será certamente superado"A construção 4.0, mais industrializada e tecnológica, é um desafio para o sector, mas que o Presidente da AICCOPN garante que «será certamente superado». Na sua opinião este é «o caminho natural para o aumento da competitividade e produtividade e, consequentemente, a adoção de políticas sustentáveis». Admite, contudo, que será necessário requalificar e qualificar as empresas e um reforço da competitividade e da coesão social, um «trabalho que tem de ser incentivado e apoiado pelas instâncias competentes de modo a abranger as PME’s do sector da Construção e do Imobiliário».Cerimónia de distinção das Empresas Qualificadas com a marca R.U.-I.S. - Reabilitação Urbana Inteligente e SustentávelEsta conferência fez parte de um evento mais alargado e que integrou a Cerimónia de distinção das Empresas Qualificadas com a marca R.U.-I.S. - Reabilitação Urbana Inteligente e Sustentável. Cerca de 120 empresas foram distinguidas com a marca R.U.-I.S., criada pela AICCOPN. Segundo o Presidente da AICCOPN, as empresas distinguidas nesta cerimónia «destacam-se pela sua solidez, pela implementação de ações inovadoras, pelo respeito das exigências climáticas e ambientais e pela melhoria das competências dos seus recursos humanos».

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