O Porto revela "vitalidade e dinamismo", afirmou Francisco Horta e Costa, director-geral da CBRE Portugal, esta quarta-feira, 15 de outubro, durante a apresentação do Porto Property Pace 2025. De acordo com a análise da consultora, a cidade encontra-se "em rota de aceleração", com todos os sectores do imobiliário a registarem níveis de procura superiores à oferta disponível. Esta tendência é, segundo a CBRE, impulsionada sobretudo pela dinâmica demográfica e pelo crescimento do turismo. "Os ganhos pela via migratória e o turismo são os grandes vetores do dinamismo do Porto", sublinhou José Maria Moutinho, head of research da CBRE Portugal.
Turismo: "Muitos investidores escolhem o Porto para entrar em Portugal"
O turismo continua a destacar-se com um dos grandes motores da economia do Porto. "2024 foi um ano recorde e 2025 caminha na mesma direção", afirmou Duarte Morais Santos, head of hotels da CBRE Portugal. O crescimento da procura internacional tem sido notório, com especial incidência nos mercados da América do Norte e Canadá. E do lado da oferta, a resposta também tem sido significativa: nos últimos seis anos, o número de quartos disponíveis na cidade aumentou de 10 mil para 14 mil.
Gilberto Martins, associate director hotels da CBRE Portugal, ressalvou que contrariamente ao que se difunde "o centro do Porto não é só hotelaria tradicional, nem só hotelaria de luxo". Um dos exemplos dessa diversificação é o recém-inaugurado The Social Hub Porto, na Praça de Dom João I, e que adota um conceito de 'hotelaria híbrida' que conjuga oferta de hotelaria, com residência para estudantes, estadias longas para nómadas digitais e áreas de coworking.
Escritórios: "O investimento em escritórios está de volta"
O mercado de escritórios no Porto enfrenta um desafio que vários especialistas têm vindo a destacar: a escassez de produto de qualidade que responda às exigências atuais das empresas – nomeadamente em termos de áreas, flexibilidade dos espaços e desempenho energético. "Ainda não tivemos casos de empresas que tenham optado por Lisboa em detrimento do Porto, mas podemos vir a ter por falta de produto", alertou André Almada, Head of Offices da CBRE Portugal.
Ana Moura, Senior Consultant at Offices Investor Leasing da CBRE Portugal, aponta alternativas e destaca o potencial de Vila Nova de Gaia, "onde se antecipa uma transformação significativa nos próximos anos, impulsionada, desde logo, pela nova linha de metro – a linha Rubi – que ligará o Campo Alegre à Arrábida".
As previsões da CBRE indicam uma absorção de cerca de 40 mil metros quadrados de escritórios até ao final de 2025, o que representa uma descida de 20% face à média dos últimos cinco anos. Entre as transações mais emblemáticas deste ano no Porto destacam-se o Aliados 20, o edifício Boavista 257 (antiga sede da Fidelidade no Porto) e a antiga sede da Ageas, no Campo Alegre.
Industrial e Logística: Investimento direciona-se para zonas mais periféricas
Com as rendas e a procura em crescimento, a escassez de produto nas zonas mais consolidadas da Maia e de Matosinhos está a redirecionar o investimento logístico para novas localizações. Nuno Torcato, Head of Industrial & Logistics da CBRE Portugal, e Michael Costa Cabral, Senior Consultant de I&L Leasing da CBRE Portugal, destacam o surgimento de novos projetos logísticos em áreas mais periféricas, considerando tratar-se de uma "expansão natural para zonas qualificadas como Vila do Conde, Valongo, Trofa e Santa Maria da Feira".
Retalho: Novos eixos comerciais e ascensão dos retail parks
Trata-se de uma tendência já identificada e que ganhou novo fôlego no último ano. No Porto, o comércio tem vindo a expandir-se para zonas adjacentes aos principais eixos, ainda que a Rua de Santa Catarina continue a assumir o protagonismo, com uma renda média de 90 euros por metro quadrado, segundo Ecaterina Andronachi, Senior Consultant de Retail Leasing da CBRE Portugal.
No que respeita a centros comerciais e retail parks, o cenário mantém-se inalterado face a 2024. A recomendação, de acordo com Carlos Récio, Head of Retail da CBRE Portugal, é clara: "centros comerciais não façam. É a ascensão dos retail parks". Com processos de licenciamento e construção mais ágeis, bem como custos operacionais mais baixos, os retail parks continuam a ganhar tração. As previsões da CBRE apontam para a entrada de mais 21 mil metros quadrados, na região Norte, até 2026.