Cerca de 45% dos portugueses querem mudar de casa, depois de passados dois confinamentos em que identificaram várias lacunas na sua habitação.
Esta é uma das principais conclusões do estudo “Impacto da Covid-19 nos critérios da habitação em Portugal”, realizado pela Century 21 Portugal, que procurou identificar as perceções e comportamentos dos portugueses relativamente à habitação, no âmbito do confinamento.
Segundo o estudo, 95% dos inquiridos passaram o confinamento na sua residência habitual, e o grau médio de satisfação com a casa é de 8,3 em 10. 65% identificaram novas necessidades na casa e 45% assume agora que gostaria de se mudar.
Mas, 29% gostava de mudar de casa mas não tem capacidade económica para tal. 11% já tinham planeado esta mudança antes da pandemia, e 3% não tinham planeado mas, após o confinamento, consideraram uma mudança de habitação. 2% dos inquiridos afirmaram que gostariam de mudar mas sentem-se desencorajados com o processo de compra e venda e pelo próprio conceito de mudança. 43% sentem-se satisfeitos com a casa onde habitam.
Entre os que desejam ter outra habitação, 25% constata que a sua casa se tornou demasiado pequena, 21% precisam de mais espaço para as crianças, 14% procura habitação numa zona mais calma e 11% afirmam querer uma casa no campo.
Na hora da compra, o valor da casa é o fator mais importante para os portugueses, e esta importância aumentou com a pandemia. O estudo mostra que os montantes a que mais pessoas estariam dispostas a pagar por uma hipoteca ou arrendamento se situam entre os 301 e os 400 euros (25%) e entre os 201 e os 300 euros mensais (22%). 17% poderiam pagar até 500 euros mensais, e apenas 11% teria disponibilidade para chegar aos 600 euros. O principal motivo apontado por quem não adquiriu, ou arrendou, casa é o facto da habitação pretendida estar além das suas possibilidades financeiras.
9 em cada 10 famílias preferem ser proprietárias, e mais de metade dos arrendatários assume que o é por não ter possibilidade de investir na compra.
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, comenta em comunicado que «o mercado imobiliário continua a registar níveis elevados de procura, o que confirma que as famílias têm vontade, e necessidade, de mudar de casa, como também se conclui neste estudo. A nível nacional, a oferta de soluções habitacionais, de um modo geral, adequa-se à procura e está em linha com os rendimentos das famílias portuguesas. Contudo, a acessibilidade à habitação é condicionada pelas elevadas taxas de esforço registadas em Lisboa e noutras cidades da Área Metropolitana de Lisboa, no Algarve e Área Metropolitana do Porto. Nestas zonas, a oferta limitada continua a ser o maior desafio do mercado imobiliário, sobretudo nas soluções ajustadas às necessidades e ao poder de compra da classe média», aponta.
Mais pessoas interessadas em mudar para fora da cidade
Já antes da pandemia os aspetos mais importantes na escolha da zona envolvente da casa eram a localização numa área tranquila e silenciosa, a proximidade de supermercados, lojas, parques e zonas verdes, acesso a transportes públicos e a vizinhança. Depois do confinamento, a proximidade aos filhos ou família e a zonas de restauração são os aspetos que ganharam mais importância, com uma subida de 0,4 pontos.
53% dos inquiridos assume que prefere habitar a mesma zona onde vive atualmente. Dos que mudariam para outro local, 35% preferem uma zona periférica da cidade (35% e 31% depois do confinamento), seguida pelo centro da cidade (24% antes e depois). Antes do confinamento, apenas 17% procuravam morar fora da cidade. Depois do confinamento, já 20% dos inquiridos indicaram que mudariam para fora das cidades.
Por outro lado, depois do confinamento a preferência por uma casa entre 151 e 200 metros quadrados subiu 3 pontos, a par do aumento da área média da habitação, que passou dos 146 para os 149 metros quadrados. Mais famílias preferem casas com 4 quartos.
O facto de ter espaço ou condições para teletrabalho (30%), ter espaço para as crianças brincarem (29%) e o edifício ter amplos espaços comuns (28%) são as principais características que os inquiridos procuram na sua nova casa.
Ricardo Sousa acrescenta que «a pandemia veio mudar a perspetiva que temos da casa e valorizar a importância que a habitação assume na nossa vida. Nesta nova realidade, o que se torna evidente é a necessidade de mais espaço para teletrabalhar- indicada por 30% dos inquiridos- e para as crianças passarem mais tempo em casa (29%). As famílias também pretendem que os edifícios tenham amplos espaços comuns (28%) e saiu reforçado o sentimento de propriedade, com 89% dos portugueses a afirmarem que querem ser proprietários. Surpreendente é também o facto da maioria dos inquiridos, 53%, afirmarem que querem viver na mesma zona e, os que afirmam que ponderam mudar de zona, 35% optam por uma zona periférica ao centro da cidade».