Bancos dizem que fim das moratórias é inadiável e necessário

Bancos dizem que fim das moratórias é inadiável e necessário

Os banqueiros acreditam que o fim das moratórias é inadiável e necessário. Rejeitam que as moratórias possam ser prolongadas de forma geral para todos os clientes, e pedem mais flexibilidade do regime, além de novas medidas de apoio para empresas e famílias em dificuldades quando os prazos terminarem, em setembro. Mas ressalvam a necessidade de evitar o aumento do nível de crédito malparado.

António Ramalho, Presidente Executivo do Novo Banco, defendeu esta semana que se deve «encontrar um modelo de partilha de risco entre Estado, bancos e empresas, no sentido de assegurar uma solução baseada na diferença de setores, na flexibilidade perante casos concretos e na necessidade de assegurar o financiamento saudável da recuperação económica e, nalguns casos, no faseamento das soluções».

Na conferência Portugal que Faz, referiu que «as moratórias não resolveram um problema, adiaram o problema permitindo uma serenidade absolutamente necessária para os diversos agentes económicos poderem encontrar soluções num momento particular difícil da economia. Muitas empresas foram salvas, muitos empresários puderam adaptar-se e reinventar-se com apoio dos seus bancos, agora cabe-nos não adiar a escolha das soluções necessárias e estáveis. Que não adiem o problema, mas que o enfrentem», cita o DV.

Por outro lado, Paulo Macedo, Presidente Executivo da Caixa Geral de Depósitos, recordou na mesma semana, durante a conferência de apresentação de resultados da CGD em 2020, que «Portugal tem o maior número de moratórias e (as) mais longas dos países europeus. Não parece que faça sentido aumentar ainda mais o tempo e a dimensão das moratórias, exceto para as empresas que não gerem cash-flow».

Segundo o responsável, «a Caixa é claramente favorável a uma situação de apoio, seja ela nacional ou internacional, a entidades destes setores que não vão gerar proveitos». Mas defende, por exemplo, «um esquema de proteção para os desempregados».

Falando numa conferência organizada pela Confederação do Turismo Português, Miguel Maya, Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, defendeu que as moratórias «são um instrumento essencial» para superar as adversidades da crise pandémica. Sobre o risco associado às mesmas, defendeu que «o verdadeiro risco seria levantar as moratórias antes de os clientes conseguirem gerar receitas». Garante que «o Millennium bcp vai continuar a defender a manutenção das moratórias até que seja resolvida a crise sanitária». No mesmo evento, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, admitiu esta mesma possibilidade.

Segundo as estimativas do Banco de Portugal, em setembro deste ano estará em atraso o pagamento de cerca de 13.000 milhões de euros aos bancos, no âmbito das moratórias do credito.