A procura por trabalhos de reabilitação está a aumentar, contudo a falta de mão de obra tem atravancado a resposta a esta procura. Segundo a APEGAC, a dificuldade em encontrar quem faça obras de reabilitação ou de manutenção se agravou ainda mais neste último ano: «este é um problema que se arrasta há alguns anos, no entanto, agravou-se no último ano e, como tal, poderemos dizer que estamos pior do que em 2019», revelou o Vítor Amaral, presidente da Direção da APEGAC, à Lusa, citado pelo Idealista/news.
A falta de mão de obra leva a que algumas empresas se recusem a «dar orçamentos para obras que sejam para realizar durante o corrente ano e, algumas, mesmo durante o ano 2023», acrescenta Vítor Amaral.
A idade média do parque habitacional, para além de tornar as obras de conservação indispensáveis, aumentou a relevância quanto à eficiência energética dos edifícios. A APEGAC sugeriu o prolongamento do prazo das candidaturas, por um ano, quando foi auscultada pelo Fundo Ambiental para a preparação de um Aviso para financiamento a condomínios, para obras de conservação em fachadas e coberturas, que proporcionem ganhos energéticos. «Uma das nossas recomendações foi o de passar o termo para o mesmo período do ano seguinte, precisamente pela dificuldade de encontrar empreiteiros disponíveis para curto ou médio prazo», referiu o presidente da Direção da APEGAC.
De acordo com o INE, no mês de maio, o índice de custos de construção de habitação nova registou um aumento de 13,5%, em termos homólogos, sendo esta evolução das variações homólogas de 18,7% no índice relativo à componente de materiais e de 6,1% no índice relativo à componente de mão de obra.
Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, refere que este aumento que se verificou sobretudo nos meses de março, abril e maio «afetou os compromissos das empresas no cumprimento dos prazos (...) houve muita falta de materiais, muitos deles de acabamentos, e naturalmente atrasaram alguns trabalhos». A legislação sobre a revisão dos preços publicada acabou por sensibilizar os particulares para esta questão, podendo assim ocorrer uma «normalização» no segundo semestre, de acordo com Reis Campos.
A falta de mão de obra especializada, e alguns problemas no fornecimento de matéria-prima, originou uma «ideia generalizada» no consumidor de que é «muito difícil e penoso» fazer-se obras em casa, de acordo com João Carvalho, cofundador da Melom: «este facto preocupa-nos porque pode levar a um abrandamento da procura, devido a esta sensação de que fazer obras atualmente é muito mais demorado e muito mais caro».
João Carvalho acredita ainda que nos próximos meses, as empresas de obras melhorem os seus tempos de resposta por conta do «decréscimo de pedidos» e não por um «aumento da capacidade de construir».