O maior encontro de investimento ibérico, que se realizou esta semana no Estoril, a 21 e 22 de setembro, concluiu que os investidores internacionais querem continuar a investir no mercado imobiliário português. A edição de 2022 do Portugal Real Estate Summit, contou com a presença de 350 participantes, a mais concorrida de sempre.
A intervenção de Pedro Siza Vieira, ex-ministro de Estado e da Economia, incitou a várias reflexões no primeiro ciclo de conferências no primeiro dia do evento, pelos temas pertinentes que foram abordados. Ainda que «tenhamos hickups no meio, a tendência que estamos a atravessar irá manter-se», por isso «é importante não perdermos o foco», referiu o ex-ministro de Estado e da Economia.
De destacar algumas das novas tendências para os próximos anos que enumerou: a transição energética, algo presente na agenda nos últimos anos, que será acelerada com os problemas vigentes na Europa e fornecedores externos – vai precisar de muito investimento; o facto de termos de lidar com cadeias de abastecimento cada vez mais extensas, que são muito eficientes, mas muito arriscadas; os Governos vão ter um maior impacto na economia, prestando apoios aos negócios, diretamente ao investimento das empresas; a turbulência de toda esta transição, que vai fazer parte da forma como se decide, e, caso estejamos preparados, podemos lidar com isso.
"Há muito investimento necessário no mundo ocidental. Antevê-se uma grande procura na Europa"
De acordo com as palavras de Pedro Siza Vieira, Portugal é parte deste «investimento necessário» na Europa. Refere que, por exemplo, em termos de transição energética, especialmente no que se refere a energias renováveis, «temos hoje os preços da eletricidade mais baixos da Europa, vamos ter vantagens ao nível da energia nos próximos anos». Salientando que «o mundo está a mudar de uma forma estrutural», o ex-ministro de Estado e da Economia, acredita que atualmente «Portugal tem uma melhor hipótese de mudar e adaptar-se a esta realidade».
É de referir que, com base nos dados de um inquérito realizado ao longo das sessões, de 102 participantes, 55% dos investidores assinalaram que há um risco grande de as geo-políticas se tornarem uma maior preocupação para as suas decisões de investimento, sendo que apenas 2% revelou que não mudam em nada a sua decisão. 68% dos investidores refere também que estes problemas geo-políticos permanecerão a médio prazo (1-3 anos).
"Lisboa e Porto são uma equipa e não competidores"
Outro dos temas de enfoque no encontro de investimento ibérico, foi o compromisso que os representantes das duas maiores áreas metropolitanas do país, Lisboa e Porto, apresentaram em trabalhar para um todo e não unicamente para as suas regiões: «somos, acima de tudo, Portugal», referiu Joana Almeida, Vereadora do Município de Lisboa.
Para a cidade de Lisboa, Joana Almeida, garantiu que «queremos construir mais habitação e atrair mais empresas. Queremos melhorar a qualidade de vida de todos». Para isso, é necessário que temas como o licenciamento, sejam simples e transparentes, «queremos reduzir os tempos de espera, e aumentar a transparência dos processos. Sabemos que tempo é dinheiro», salientou a vereadora.
Em representação do Porto, Rui Monteiro, da Câmara do Porto, realçou o facto de a cidade Invicta ser «uma das 3 mid-sized cities para o investimento direto estrangeiro. É uma região economicamente competitiva». Com o lema “Better Porto”, o objetivo passa por «aproveitar a paisagem económica que já existe e estimular certos setores e regiões. Identificámos vários setores-chave, sendo o imobiliário e a construção sustentável duas delas».
Tendo como base os dados do inquérito realizado à audiência presente, de 76 participantes, precisamente 50% das pessoas considera que Lisboa e Porto são atrativos no contexto internacional, a passo que 37% declara que as duas cidades são muito atrativas em termos internacionais.
"Queremos desenvolver um sistema de habitação com o setor público e os privados"
Conforme as declarações de Filipa Roseta, vereadora do Município de Lisboa, numa intervenção final na conferência, há muita propriedade e «não temos capacidade para a desenvolver, por isso precisamos de quem tem, para criar habitação acessível. Vamos colocar os nossos terrenos à disposição, para os interessados». A vereadora referiu ainda que «queremos mostrar que podemos usar o nosso património para criar habitação, com as vossas skills».