Portugal na mira da diversificação do investimento

Portugal na mira da diversificação do investimento

Esta é uma das conclusões do estudo “Spring Market Study” da Savills, apresentado esta semana em Lisboa. Alexandra Gomes, do departamento de Research da consultora, explica que «os investidores internacionais que querem diversificar a sua carteira continuam a olhar para Portugal. Apostam em cidades secundárias e em mercados mais pequenos, na aquisição de terrenos para construção de segmentos alternativos ou em carteiras de NPL’s».

E, se a economia continuar a dar sinais positivos, é de esperar que a procura internacional e o dinamismo do mercado se mantenham. O investimento imobiliário comercial poderá atingir este ano os 2.500 milhões de euros, segundo as previsões conservadoras da Savills, numa altura em que o investimento espanhol e do Reino Unido dominaram o primeiro trimestre do ano (36% e 29%, respetivamente).

Os escritórios continuarão a ser uma boa opção de investimento, num mercado com muita falta de produto novo e de qualidade, que nunca registou uma vacancy rate tão baixa, atualmente nos 5,96% em Lisboa. Além disso, a capital é «um novo business hub» e é procurada por cada vez mais empresas. O retalho mantém-se dinâmico, principalmente no comércio de rua, e a logística continua a oferecer uma yield de 6%, que contrasta com os números europeus.

Já o mercado residencial regista uma subida dos preços mais branda. A gama alta deverá manter a procura, e começam a surgir novos produtos para outros segmentos. No turismo, mantém-se o interesse de várias cadeias internacionais, e estão 109 novos hotéis em pipeline para os próximos anos.

 

Uma mudança da propriedade para a utilização

De acordo com Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, o mercado imobiliário (e não só) assiste hoje a uma «mudança muito grande da propriedade para a utilização», uma nova necessidade que vai impactando cada vez mais o setor.

 A mudança está a dar-se um pouco por todos os setores do imobiliário, com base no minimalismo, na mobilidade, nas experiências, conectividade, e nos conceitos de “software as a service” e “space as a service”. Neste contexto, os setores de investimento alternativos ganham terreno. Fora de Portugal são cada vez menos alternativos, e no nosso país cresce o apetite dos investidores, nomeadamente por residências de estudantes, mas também por serviced apartments, coworking, residências senior, arrendamento “built to rent”, self storage ou coliving. Mas ainda há poucos projetos destes no terreno, em especial de coliving, que ainda carece de licenciamento específico.

Nos escritórios em particular, a Savills acredita que se assiste a um «novo processo», no qual os proprietários se preocupam mais com as empresas e não só com o valor, e estas se preocupam mais com as pessoas, e não só com a produtividade. Bem estar e qualidade de vida já são assumidos como essenciais para o bom desempenho das organizações, e esta é uma tendência que vai continuar a marcar o mercado, segundo Rodrigo Canas, do departamento de Escritórios da Savills, que acredita que «estamos num momento muito interessante para investir e estar em Portugal».