«O Porto é um íman para o investimento»

«O Porto é um íman para o investimento»

 

«O Porto é um íman para o investimento». As palavras de Ricardo Valente, vereador do Pelouro da Economia, Turismo e Comércio da Câmara Municipal do Porto, espelham o entusiasmo sentido na cidade, «um destino mais competitivo, melhor colocado no radar internacional não só do turismo, mas também dos investidores internacionais». Ricardo Valente, que falava durante o primeiro Meet Up, sessões de debate promovidas pela Iberian Property, no dia 25 de setembro, deu o exemplo da Natixis, que escolheu o Porto para instalar parte dos seus serviços de TI, numa corrida em que competia com Madrid. «Uma cidade de pequena/média dimensão a concorrer e a vencer Madrid na captação de grandes empresas», sublinhou, na ocasião.

 

«As cidades têm necessidade de sair e de se vender»

 

A dinâmica registada nos últimos anos é reflexo em grande medida da capacidade da cidade se ‘vender’. Para Albert Castro, representante do MIPIM, «as cidades têm necessidade de sair e de se vender. E esta não é uma necessidade registada apenas em cidades de dimensão mais reduzida. É também uma necessidade de Londres, uma cidade líder na captação de investimento, e que precisa de se vender! É uma necessidade de todas as cidades!».

Além da promoção do destino Porto, a Câmara mantém uma «aposta muito forte» na criação de novos eixos de atratividade, designadamente, na zona mais oriental da cidade. Campanhã e Bonfim vão beneficiar da requalificação e expansão da plataforma Intermodal de Campanhã e da reconversão do Antigo Matadouro do Porto, um financiado pela Câmara e outro por investidores privados, respetivamente. E tem sido nesta troca de sinergias entre públicos e privados que a cidade tem crescido, numa dinâmica alavancada pelo turismo, por sua vez apoiado pela aceleração da reabilitação urbana.

 

Hotelaria do Porto «está saudável, muito saudável»

 

Com efeito, o crescimento do turismo impulsionou o aumento da oferta hoteleira do Porto, cujos valores de transação já batem recordes, mas que se «mantem muito saudável e no foco dos investidores», comentou Rui Ávila, da GFH SGPS. Exemplo disso mesmo é o projeto de conversão e reabilitação do edifício do Jornal de Notícias, num hotel de 4 estrelas. «Na corrida a este projeto estiveram oitos cadeias internacionais, uma das quais já foi eliminada. Neste momento, estamos em processo de aferição das restantes», contou Jorge Pereira, da JPRE Business, Lda. Das atuais sete cadeias hoteleiras interessadas destacam-se duas norte americanas, uma das quais, caso fique com este projeto, vai marcar aqui a sua entrada no mercado português.

A par da hotelaria, também a oferta de alojamento local tem crescido. De acordo com os números da Confidencial Imobiliário, no terceiro trimestre deste ano, «as diárias médias anuais no alojamento local subiram (em termos homólogos) 17,5% na cidade do Porto», referiu Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário. «São números que colocam o Porto, a uma distância média anual, de 4 euros dos valores praticados em Lisboa», apontou, acrescentando que «este diferencial era, há não muito tempo, de quase 20 euros».

Não obstante, os bons dias que o turismo atravessa, promotores e investidores reconhecem «a necessidade de diversificar portfólio», notou Rua Ávila. «Hoje o investidor imobiliário já tem alternativas» disse, dando o exemplo da reconversão do edifício do Palácio dos Correios, na Avenida dos Aliados. «Tínhamos um excelente projeto hoteleiro para aquele edifício, mas, desafiados pela Câmara do Porto, decidimos alterar o uso e promover um edifício de escritório. E acreditamos, fracamente, que vamos ter mais procura do que oferta disponível», comentou.

Também a Round Hill optou pela aposta num segmento alternativo de investimento. Tem, neste momento, em curso no Porto, um projeto orçado em 100 milhões de euros que vai trazer à cidade 1000 novos quartos para estudantes.

 

Há ou não uma bolha imobiliária no Porto?

 

É a questão que se impõe e que não é de fácil resposta. Para o painel de oradores convidados do primeiro Meet Up, no Porto não há uma bolha imobiliária. «O Porto está numa rota de crescimento perfeitamente equilibrado e sustentado. Há zonas caras, outras muito caras, mas ainda oferece zonas com preços equilibrados», disse Rui Ávila. «A malha urbana da cidade do Porto, ainda nos permite encontrar preços diferenciados e falar em equilíbrio», disse João Pita, da Round Hill, notando contudo que esta é uma realidade «diferente de Lisboa. Em Lisboa já identifico zonas de algum risco».

 

E a banca? É um agente ativo ou passivo neste novo ciclo do setor imobiliário?

 

As opiniões dividem-se. Para Jorge Pereira, «a banca está hoje novamente a financiar em força, mas o crédito á habitação. Não está a financiar da mesma forma e com a mesma força os promotores imobiliários». Diferentemente, Graça Medina, da Quantico, notou uma maior abertura da banca para os investidores. «Temos tido a sorte de receber o apoio da banca, que mostra abertura às propostas. Se há muito poucos anos era preciso quase marcar uma ‘sessão’ para apresentar um projeto e receber uma proposta, hoje a banca procura o promotor».

 

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