Mais de 220 profissionais debateram futuro dos REITs na Ibéria

Mais de 220 profissionais debateram futuro dos REITs na Ibéria

Iniciativa da EPRA e da Iberian Property, a Iberian REIT Conference reuniu no Westin Palace uma série de especialistas e players de renome deste mercado, em torno dos temas mais “quentes” do setor de REITs na Ibéria. Um mercado saudável, que entra em 2020 com um sentimento de traquilidade, esperando níveis de atividade semelhantes aos do ano passado. 

De acordo com Dominique Moerenhout, CEO da EPRA, os investidores «procuram oportunidades de crescimento na Europa», e existem «grandes oportunidades em Portugal e Espanha», numa altura em que «a qualidade dos players cresceu muito nos últimos anos. Os investidores procuram um mercado transparente, isto é o básico». Sobretudo «queremos transmitir uma mensagem muito positiva sobre o mercado ibérico de REITs e sobre as oportunidades que oferece. Estamos convencidos que com melhor regulação haveria ainda mais investimento». O responsável completa ainda que «o mercado existe, as oportunidades também, e os investidores não esperam. Temos de tornar os REITs maiores, e fazer com que os negócios aconteçam».

 

Um ótimo ano para o investimento

Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties, a maior socimi espanhola, também presente em Portugal, acredita que «este vai ser um ótimo ano para o investimento. Não me parece que seja um ano de grandes choques macroeconómicos e as coisas correrão bem se não forem tomadas medidas extremas», apesar de admitir um abrandamento no investimento, «consequência normal do ciclo».

Por outro lado, destacou a recente cotação na Euronext Lisbon, em Portugal, já que «qualquer investidor internacional vê o mercado ibérico como um só. Para nós, a Ibéria é um mercado único». Quanto às novas SIGI portuguesas, acredita que estas terão de ter ajustes na legislação para serem mais atrativas.

Atestando o interesse da Colonial neste mercado, Albert Alcocer, Business Director, explicou que a empresa está ficada no mercado de escritórios, e que «vai continuar assim por enquanto. Quanto aos segmentos alternativos, veremos como evolui o mercado, mas estamos atentos». Já a Lar España assume-se focada na consolidação do seu portfólio, e que está atenta ao mercado de retalho, descartando o co-living ou co-working, avançou Miguel Pereda, Board Director e CEO do Grupo Lar.

As seguradoras estão também focadas na diversificação do seu investimento. Exemplo disso é a Mapfre, que tem 3.500 milhões de euros alocados a este mercado. Só a Ageas quer alocar um total de 600 milhões de euros no imobiliário português, avançou Gilles Emond, Head of Real Estate da Ageas Portugal.

 

SIGI e SOCIMI: mais semelhanças que diferenças

Criadas no ano passado em Portugal, as SIGI, ou os REITs portugueses, estão ainda a dar os primeiros passos, e apenas uma empresa foi criada, pela Sonae Sierra e pelo Bankinter, que vão replicar a sua Ores Socimi no país luso. Se em Espanha, o instrumento é um sucesso, em Portugal não há ainda “track record”.

Pablo Serrano, Partner da Clifford Chance, acredita que os dois regimes «têm mais semelhanças que diferenças». O mais importante parece ser a estabilidade, mas o sentimento em Espanha é «tranquilizador», considera. «O Governo reconhece a importância das SOCIMI», e considera que as propostas de alterações fiscais em cima da mesa «só causam ruído, o efeito prático seria nulo».

Do lado português, Paulo Núncio, Partner da Morais Leitão, destaca que «a boa notícia é que Portugal melhorou o regime das SIGI, seguindo um regime fiscal muito favorável, o que permitiu flexibilizar as regras do “free float”», além de que já foi criada uma primeira SIGI.

Manuel Puerta da Costa, Board Member da APFIPP, destaca que «o regime acaba de ser aprovado, e temos uma boa oportunidade. Esperamos ter cerca de 10 a 15 socimis nos próximos tempos. Seria um sucesso tendo em conta a proporção face a Espanha». Acredita que «o êxito das SIGI vai evoluir, e passará a ser uma nova realidade, acompanhada de ajustes na legislação nos próximos anos». O regime terá ainda mais sucesso «se as seguradoras, que investem de forma direta no imobiliário, passarem a usar as SIGI para esse efeito».